sábado, novembro 26, 2016

Ciência chega perto de desvendar o orgasmo feminino.

É mulher e já teve um orgasmo? Tem certeza? Como as mulheres sabem se estão tendo um orgasmo? Embora essas perguntas possam parecer óbvias, não são. Tanto que a neurocientista Nicole Prause está desafiando os tabus da pesquisa sexual para desvendar essa e outras questões sobre o orgasmo feminino.

Segundo informações do jornal britânico The Guardian, no incipiente campo da pesquisa do orgasmo, enquanto entre os homens há um claro feedback fisiológico na forma de ejaculação, a maior parte dos dados femininos baseia-se em auto-relatos. os quais, por sua vez, são muitas vezes discrepantes dos sinais físicos apresentados.

Afinal, como uma mulher tem certeza que chegou ao clímax? Já parou para pensar que a sensação associada ao clímax seja apenas um dos primeiros sinais de excitação?

Diante dessas dúvidas e após seus projetos de pesquisas sobre o assunto serem recusados em diversas instituições, Nicole decidiu estudar os mecanismos do orgasmo em seu próprio laboratório. Ela espera que uma melhor compreensão do que acontece no corpo e no cérebro de uma pessoa durante a excitação e o orgasmo ajudem no desenvolvimento de dispositivos que consigam aumentar o desejo sexual sem a necessidade de medicamentos.

No experimento, os voluntários, tanto homens quanto mulheres, praticavam sexo enquanto usavam dispositivos que detectam a atividade cerebral e as contrações e reações do corpo tipicamente associadas ao orgasmo como eletrodos de eletroencefalograma. Isso permite uma imagem mais precisa da excitação e do orgasmo de uma mulher. No entanto, após esses experimentos, Nicole notou que “muitas das mulheres que relataram ter um orgasmo não estavam tendo nenhum dos sinais físicos – as contrações – de um orgasmo.”

Não está claro por que isso acontece, mas é fato que sabemos pouco sobre orgasmos e sexualidade. “Nós não pensamos que elas estão fingindo. Eu acredito que algumas mulheres não sabem o que é um orgasmo. Há muitos picos de prazer que acontecem durante a relação sexual. Se você não nunca teve contrações você pode não saber que há algo diferente.”, afirma.

 

Orgasmo e saúde mental

Nicole acredita que o orgasmo possa trazer benefícios para a saúde mental. Caso isso se confirme, essa pode ser uma nova “linha de tratamento” contra depressão. Mas, toda vez que ela tentava incluir esse tópico em seu estudo sobre novas intervenções em depressão, recebia um não.

Foi então que ela decidiu se unir à Liberos, uma empresa americana de biotecnologia sexual. Na época, a organização estava trabalhando em um estudo sobre os benefícios e a eficácia da “meditação orgásmica”.

Parte do movimento do “sexo lento” (tradução livre da expressão slow sex, em inglês), a prática envolve uma mulher ter seu clitóris estimulado por um parceiro – muitas vezes um estranho – por 15 minutos. “Este estado de orgasmo é diferente. É sem objetivo, intuitivo e dinâmico. Ele flui por todo o lugar sem direção definida. Pode incluir clímax, ou não. Em Orgasmo 2.0, aprendemos a ouvir o que o nosso corpo quer, em vez do que ‘deveríamos’ querer.”, afirma o site da companhia americana One Taste, especializada na prática e que coparticipou da pesquisa com a Liberos.

“As pessoas que praticam [a meditação orgásmica] alegam que ela ajuda a combater o stress e melhora sua capacidade de lidar com situações emocionais, embora, como cientista, pareça bastante explícito sexualmente para mim”, disse Nicole.

A pesquisadora está analisando praticantes de meditação orgásmica em seu laboratório. Antes e depois de medir as mudanças corporais durante a aplicação do método, os pesquisadores fazem perguntas aos participantes para determinar seu estado físicos e mental. O objetivo do estudo é determinar se atingir um nível de excitação requer esforço ou uma liberação no controle. Em seguida, ela quer observar como a meditação orgásmica afeta o desempenho dos participantes em tarefas cognitivas, como ela muda a reatividade a imagens emocionais e como ela se compara com a meditação regular.

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