O novo boletim médico sobre os
sobreviventes da queda do avião da Chapecoense em Medellín deixou claro
que Alan Ruschel e Rafael Henzel continuam evoluindo positivamente,
enquanto Neto é quem mais preocupa. A principal novidade, no entanto,
foi em relação ao goleiro Jackson Follmann, que terá a amputação em sua
perna direita aumentada.
Ao lado do diretor do hospital
colombiano, Ferney Rodríguez, o médico intensivista Edson Stakonski e o
ortopedista Marcos André Sonagli concederam nova entrevista coletiva
nesta terça-feira. Nela, explicaram que Follmann apresentou quadro
infeccioso na perna amputada. Para evitar necrose do órgão, Sonagli
esclareceu que será realizado um procedimento para a retirada de cerca
de mais quatro centímetros de osso.
“É muito mais importante ele se manter
vivo do que um pedaço a mais da perna. Queremos manter o que seja
possível para ele poder usar prótese depois, mas não podemos correr o
risco de uma necrose que coloque em risco a saúde do paciente”, explicou
Sonagli. “Pelo menos três ou quatro centímetro da parte óssea vou ter
que tirar amanhã.”
O ortopedista explicou que um
procedimento para retirada de pele e músculos infectados já foi
realizado nesta terça. Sonagli também garantiu que fará de tudo para que
este seja o último procedimento deste tipo ao qual Follmann será
submetido, mas não descartou a possibilidade de uma nova ampliação
posterior da amputação.
“Caso a infecção persista, vou ter que
tirar mais. Vou fazer a retirada de um pedacinho de ósseo que não está
se mostrando viável para nós, pode ter infecção. Se tirar este pedaço
for o suficiente, é o que a gente quer. Mas se virmos que tirando essa
parte de necrose o osso não está bem, teremos que tirar mais. Queremos
tirar o mínimo possível, claro, mas precisamos do máximo de segurança.”
Por conta deste procedimento, Follmann
voltou a ser entubado pelos médicos. “Percebemos após esse procedimento
(de limpeza) a infecção. Para não correr o risco de desentubá-lo e
depois de 48 horas entubá-lo de novo, vamos manter ele entubado. Até por
uma questão de segurança da coluna cervical dele, que tem uma lesão “
Mais grave do que a situação do goleiro é
a do zagueiro Neto, que segue em estado grave, entubado por causa de um
quadro de infecção pulmonar, além de diversas outras lesões. “O Neto
está grave, com respiração mecânica complicada. Nas últimas 12 horas,
está estável. Os padrões de saturação e pressão estão os mesmos. Está
100% dependente do ventilador. Já identificamos a bactéria de sua
infecção. Também tem lesão na perna e fratura na quinta vértebra lombar,
mas ainda não temos condição de levá-lo ao centro cirúrgico. Não
podemos fazer a cirurgia agora, por conta da condição dele”, comentou
Stakonski.
Por outro lado, Alan Ruschel segue
evoluindo positivamente e é quem possui o quadro mais favorável.
Primeiro jogador a ser resgatado após o acidente, ele já conseguiu
sentar e até dar os primeiros passos. O otimismo sobre seu caso é tanto,
que os médicos cogitam tirá-lo da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI)
nos próximos dias e até vislumbram a possibilidade de trazê-lo de volta
ao Brasil.
“Ontem, o Alan sentou. Hoje deu alguns
passos. Já ficou de pé três vezes hoje. É quem está em melhor estado,
mas ainda na UTI. Estamos estudando a possibilidade de transferi-lo para
o quarto em 48 horas. Tem uma evolução muito grande, favorável”,
comentou Sonegli. “Vamos liberar o Alan para o quarto, esperar alguns
dias para ver como se comporta e, se possível, liberar para o Brasil”,
completou Stakonski.
Sobre o jornalista Rafael Henzel, quarto
e último brasileiro sobrevivente – dois bolivianos também resistiram à
queda -, as informações também são boas. Como Ruschel, ele apresentou
evolução nos últimos dias, já foi colocado sentado e só não se levantou
porque tem uma fratura no pé, que deve ser corrigida nos próximos dias.
Sonegli ainda fez um último resumo do
quadro geral dos quatro sobreviventes da queda do avião que levava a
Chapecoense para Medellín, no início da semana passada, e deixou 71
mortos. “O Alan e o Rafael estão na fase de controle de dano. O Follmann
transita entre a fase de controle de dano e a de luta pela vida. Já o
Neto está lutando pela vida.”