Pelo menos 1,5 mil pessoas foram detidas hoje (12) na Rússia, a maior
parte em Moscou e São Petersburgo, em protestos contra a corrupção no
governo convocados pelo líder opositor Alexei Navalni. Não há número
oficial de detenções, mas o portal de notícias OVD Info disse que apenas em Moscou foram presas 750 pessoas, e em São Petersburgo, 900. A informação é da Agência EFE.
Navalni,
que pretende concorrer às eleições presidenciais em 2018, convocou
manifestações em mais de 200 cidades de todo o país contra a corrupção
nas altas esferas do poder, o que a ONG que dirige denuncia
sistematicamente.
Em Moscou, ele havia conseguido a autorização
da Câmara Municipal para realizar um protesto, com concentração na
avenida Sakharov, no nordeste da cidade, mas ontem à noite, menos de 24
horas antes da realização, mudou o lugar e pediu a seus apoiadores que
fossem à rua Tverskaya, no coração de Moscou.
As autoridades
consideraram a mudança como uma provocação, e o Ministério Público
alertou que as pessoas poderiam comparecer ao local para "passear"
juntos com as milhares de pessoas que comemoravam hoje o Dia da Rússia,
mas "sem levantar cartazes nem gritar palavras de ordem".
O líder
opositor não conseguiu não chegar até o local do protesto, já que foi
detido em frente à sua residência, segundo sua esposa informou no
Twitter.
Calcula-se que milhares de pessoas, em sua maioria
jovens, atenderam ao chamado de Navalni e se somaram ao protesto,
inclusive cantando músicas contra o presidente do país, Vladimir Putin.
"Rússia
sem Putin" e "Putin ladrão" foram alguns das palavras de ordem mais
gritadas pelos participantes, que também exibiram cartazes com dizeres
como "A corrupção está roubando nosso futuro".
Centenas de
policiais entraram em ação para reprimir a manifestação não autorizada e
começaram a realizar prisões, em muitos casos com uso de força e de
maneira indiscriminada.
Entre os detidos estavam correligionários
de Navalni, jovens e até um jornalista da Agência EFE em Moscou que
cobria a manifestação. Ignacio Ortega foi colocado em um camburão
policial com dezenas de pessoas e levado a uma delegacia -- após ser
identificado, foi posto em liberdade.
Vladimir Chernikov, chefe
do departamento de polícia de Moscou, afirmou, após as prisões em massa,
que a situação ficou "sob controle". Ele afirmou que o ato foi "100%
uma provocação" e que havia apenas 5 mil manifestantes pró-Navalni, em
meio a centenas de milhares de moscovitas que participaram, no mesmo
local, do festival popular organizado pelo Dia da Rússia.
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