O programa governamental Cisternas, que garante o acesso da população
rural do Semiárido à água é um dos seis projetos que concorrem este ano
ao Prêmio Internacional de Política para o Futuro (Future Policy Award,
em nome original). A World Future Council, em parceria com a Convenção
das Nações Unidas de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos
das Secas (UNCCD), deu destaque a 27 iniciativas oriundas de 18 países.
Apesar
de estar na 10ª edição, é a primeira vez que a organização alemã aborda
as políticas de subsistência em áreas de condições severas ocasionadas
pela seca ou por inundações. O anúncio da classificação dos três
primeiros lugares ocorrerá em 22 de agosto e será seguido pela
solenidade de entrega dos prêmios, marcada para setembro, em Ordos, na
China. A cerimônia integra a 13ª sessão da Conferência das Partes da
UNCCD.
Morador da Agrovila Nova Esperança, em Ouricuri (PE), Adão
Jesus de Oliveira está rodeado, há quase uma década, pelos feitos
alcançados com a instalação das estruturas de captação e armazenamento
de água. Com os equipamentos, Oliveira diz que é capaz de enfrentar o
baixo volume pluviométrico até o fim do ano. “Temos as tecnologias de
água de beber desde quando eu cheguei à comunidade. Antes, era muito
difícil, para nós, conseguir água para consumo. Tínhamos que andar 6
quilômetros. Pegava fila de madrugada. Não dava para todo mundo”, lembra
Oliveira.
Tudo começou em 2008, quando os moradores da região
aderiram ao projeto piloto. Atualmente, eles dispõem de sete
reservatórios grandes, cada um com capacidade para 52 mil litros.
A
melhora na qualidade da água é claramente perceptível, diz Oliveira.
Hoje, ele produz hortaliças e cria animais. “Foi muito importante,
porque, desde lá, enfrentamos essa grande estiagem, mas nunca mais é
água desconhecida. Sabemos a procedência. Não é todo ano que vem
enchendo, mas é mais por causa da estiagem. Graças a Deus, estamos
usando água da cisterna, beneficiando a comunidade.”
Segundo a
Articulação Semiárido Brasileiro, a região semiárida ocupa 18,2% do
território brasileiro, abrangendo um quinto dos municípios e 11,84% da
população do país. Com o projeto Cisternas, o Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome promove a democratização do
acesso à água a partir de duas linhas: a de consumo básico, para suprir
as necessidades rotineiras, e a de produção, que permite o
desenvolvimento da agricultura familiar.
Coexistem nos dois
contextos os programas Um Milhão de Cisternas e Uma Terra e Duas Águas.
Em seu âmbito, foram distribuídas cerca de 604 mil cisternas e 95 mil
tecnologias, entre as de uso familiar e as de uso coletivo. Além disso,
4.726 cisternas foram erguidas em escolas.
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