A filial brasileira da Volkswagen
supostamente colaborou ativamente com a ditadura no Brasil na
perseguição de opositores políticos, segundo informaram neste domingo
(23) o jornal Süddeutsche Zeitung e as emissoras NDR e SWR. A imprensa
alemã detalha que há quase dois anos foi aberta em São Paulo uma
investigação sobre a Volkswagen do Brasil para determinar a
responsabilidade da empresa na violação dos direitos humanos durante a
ditadura de 1964 a 1985.
Em 2016, a empresa nomeou para uma
investigação sobre seu passado o historiador Christopher Kopper, que
confirmou a existência de “uma colaboração regular” entre o Departamento
de Segurança da filial e a polícia política do regime.
Espionagem
“O Departamento de Segurança atuou como
um braço da polícia política dentro da fábrica da VW”, afirmou Kooper,
pesquisador da Universidade de Bielefeld.
“Permitiu as detenções” e pode ser que ao
compartilhar informação com a polícia “contribuísse para elas”,
acrescentou o historiador.
Segundo os meios citados, a filial
brasileira espionou seus trabalhadores e suas ideias políticas, e os
dados acabaram em “listas negras” em mãos da polícia política. Os
afetados lembram como foram torturados durante meses, após terem se
unido a grupos opositores.
Galpões
Conforme estabeleceu a Comissão Nacional
da Verdade, que examinou as violações dos direitos humanos cometidas
pela ditadura brasileira, muitas empresas privadas, nacionais e
estrangeiras deram apoio tanto financeiro como operacional ao regime
militar.
No caso da Volkswagen, a comissão
constatou que alguns galpões que a empresa tinha em uma fábrica de São
Bernardo do Campo (SP) foram cedidos aos militares, que os usaram como
centros de detenção e tortura.
Além disso, a comissão sustentou que
encontrou provas que a empresa alemã doou ao regime militar cerca de 200
veículos, que depois foram usados pelos serviços de repressão.
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