A organização humanitária internacional Médicos sem Fronteiras (MSF)
informou que, a partir deste sábado (13), estão suspensas
"temporariamente" suas ações de resgate de imigrantes no Mar
Mediterrâneo. "Estamos suspendendo nossas atividades porque agora
sentimos que o comportamento ameaçador da Guarda Costeira da Líbia é
muito grave", disse o presidente da MSF na Itália.
A suspensão
decorre da decisão da Itália de estabelecer uma área para limitar o
acesso das organizações não governamentais (ONGs) em águas
internacionais. "Os fatos recentes no Mediterrâneo mostram que o código
de conduta é parte de um plano mais amplo que visa selar a costa e
bloquear imigrantes e refugiados da Líbia", acrescentou Filippi.
A
decisão é um desdobramento na crescente tensão entre Roma e as ONGs,
uma vez que a migração domina a agenda política da Itália.
Cerca
de 600 mil imigrantes chegaram ao país nos últimos quatro anos, a grande
maioria vinda da Líbia, onde diversos navios são operados por
contrabandistas. Por sua vez, a Itália teme que os grupos estejam
facilitando o tráfico de pessoas e encorajando os imigrantes a
realizarem a travessia. Por isso, propôs um código de conduta que dita
as regras da operação. O código é formado por 13 compromissos, e o
principal deles proíbe as ONGs de entrar nas águas territoriais líbias, a
não ser em "situações de grave e iminente perigo".
A organização
médica havia informado que, mesmo não assinando o código de conduta,
respeita as regras já estabelecidas nas leis internacionais e nacionais.
A ONG atua há mais de três anos em ações de busca e assistência médica
no Mediterrâneo. Com três barcos, os profissionais do MSF socorreram
diretamente 19.708 pessoas entre abril e novembro do ano passado e
forneceram ajuda médica a 7.117 pessoas que foram transferidas para
outras embarcações – inclusive do governo – para um desembarque seguro
na Itália. Este ano, a ONG já resgatou mais de 16 mil pessoas.
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