Cerca de 90 mil mulheres foram assassinadas no Brasil entre 1980 e 2010.
Durantes os meses de dezembro e janeiro,
quando as famílias estão reunidas para celebrar o Natal e a chegada de
um novo ano, mulheres veem intensificar-se o sofrimento causado pela
violência doméstica. Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública de
São Paulo, em novembro de 2012, 11.516 mulheres denunciaram agressões. O
número saltou para 13.119 em janeiro de 2013 — uma variação de quase
15%.
“Quando os homens ficam mais em
casa, têm mais tempo livre com a família, e há mais chances de agredirem
e ameaçarem não apenas a mulher, mas também os filhos”, diz Aparecida
Gonçalves, secretária responsável pela área de enfrentamento à violência
contra as mulheres, da Secretaria de Políticas para as Mulheres, órgão
com status de ministério.
Assim como no período das férias, os
casos de violência doméstica também aumentam durante finais de semana e
feriados. E o alarmante é que, quando as mulheres mais precisam
denunciar os abusos, as delegacias especializadas simplesmente não
funcionam. “O argumento para manter fechadas as poucas delegacias
especializadas em atender mulheres é a falta de pessoal e estrutura”,
diz Aparecida. “Mas, se as delegacias de polícia que apuram casos
regulares trabalham em esquema de plantão e emergência, o fechamento das
delegacias especializadas demonstra que as mulheres são negligenciadas e
não têm direito sequer a serem ouvidas”.
Cerca de 90.000 mulheres foram
assassinadas no Brasil entre 1980 e 2010, segundo dados do Instituto
Sangari, divulgados no Mapa da Violência de 2012. O estudo revela a
tendência de aumento dos crimes – somente nas últimas três décadas, o
avanço na média de mortes foi de 217%. Dados da Organização Mundial da
Saúde apontam que o Brasil é o 7º país com maior número de mulheres
assassinadas no mundo.
Nos últimos dois anos, o governo federal investiu 305 milhões de reais na campanha Mulher, Viver sem Violência. A central de denúncias, que atende pelo número 180, recebeu 25 milhões de reais para ampliar sua atuação. Outros 100 milhões de reais estão sendo investidos em campanhas de conscientização.
Atualmente, apenas 527 municípios
brasileiros contam com ao menos um serviço da rede especializada de
atendimento à mulher, conforme monitoramento do governo federal feito
entre os anos de 2012 e 2013. Isso representa uma porcentagem ínfima —
9,4% — dos 5.561 municípios brasileiros.
“Elas são agredidas, mal tratadas e até
estupradas pelos próprios companheiros. Além de sofrerem fisicamente
também passam por torturas psicológicas. Se o posto mais próximo de
denúncia e atendimento está a três cidades de distância, a mulher
simplesmente não vai atrás dos seus direitos e muito menos denuncia o
agressor”, afirma Adriana Alcântara dos Reis, do Centro de Referência
Maria do Pará, serviço vinculado à Secretaria de Justiça e Direitos
Humanos. (Veja)
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