quinta-feira, julho 29, 2010

Empresário desaparece após dar golpe de R$ 50 milhões em investidores


Versão mineira de Bernard Madoff, operador de Wall Street acusado de controlar esquema bilionário de pirâmide financeira, o empresário Thales Emanuelle Maioline, de 34 anos, que administrava um fundo de investimentos de R$ 50 milhões, está desaparecido desde a sexta-feira passada. Ele teria sumido levando todo o dinheiro da Firv Consultoria e Administração de Recursos Financeiros, a ele depositado em confiança por cerca de 2 mil investidores de Itabirito, Belo Horizonte e de outras 12 cidades do interior de Minas Gerais, incluindo donos de faculdades, construtoras e também pessoas comuns, que vendiam suas casas e largavam os empregos passando a viver dos altos rendimentos prometidos pelo suposto fundo de ações.

As últimas imagens do investidor mineiro foram registradas pela câmera da portaria de um hotel em São Paulo. Vestido de calça jeans e boné, ele teria pegado um táxi com destino ao Terminal Rodoviário do Tietê, por volta de 15h de sexta-feira. Antes disso, teria zerado as contas bancárias e desviado o dinheiro dos investidores para contas abertas em paraísos fiscais da Suíça e Panamá. No apartamento onde morava com a mulher e um bebê de 1 ano e sete meses, em Belo Horizonte, foram encontrados indícios de documentos forjados antes da fuga – a família foi deixada para trás e não sabe dizer sobre o paradeiro do investidor.

As informações constam do boletim de ocorrência lavrado pela Polícia Civil de São Paulo, informando o desaparecimento de Thales a pedido da própria irmã, Ianny Márcia Maioline. Também a Polícia Civil de Minas e a Polícia Federal foram acionadas para investigar o paradeiro do empresário e o rombo nas contas. Antes de dar o sumiço, Thales teria passado a empresa para o nome dessa mesma irmã e do então administrador do fundo, Oséias Marques Ventura. “Juro que não sabia de nada disso. Ofereço os meus telefones para rastrear as ligações. Perdi tudo o que eu tinha e estou sendo ameaçada com as minhas filhas”, afirma Ianny. Na companhia do advogado Marco Antônio de Andrade, a mulher foi a uma reunião convocada às pressas pelos investidores revoltados na sede da empresa, no Bairro Buritis, Região Oeste de BH. “Sei que o pai do Thales teve um infarto segunda-feira ao ver os e-mails do Thales, indicando os planos de fuga. Antes disso, a família suspeitava de sequestro”, afirma uma fonte.

A reportagem do Estado de Minas conseguiu ter acesso à reunião de quarta-feira, a portas fechadas, que ocorreu em clima de tensão com cerca de 30 pessoas, entre investidores e funcionários da empresa que também investiam no negócio. Na porta, dois seguranças particulares garantiam a integridade dos consultores da Firv, que, antes do calote, administravam cotas de R$ 2,5 mil a até R$ 5 milhões. Thales atraía investidores oferecendo níveis de rentabilidade que chegavam a 5% ao mês, além de 11% a cada seis meses. Ele, então, utilizava o dinheiro desses novos investidores para pagar clientes antigos que queriam resgatar os recursos aplicados. O esquema funcionava porque os rendimentos não eram pagos aos investidores todo mês. Esse dinheiro só seria devolvido ao cliente quando este fosse resgatado, mas a maioria reaplicava os valores em função dos altos ganhos. Ele também “dava” o incentivo de 11% a quem permanecesse por seis meses no fundo.

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