Em discurso enfático na tarde dessa segunda-feira, o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva disse que o ex-dirigente da OAS, Léo Pinheiro,
sofreu “pressão” para falar contra ele.O executivo, em depoimento no
processo de delação, disse que Lula é dono do tríplex em Guarujá e que o
petista mandou que ele destruísse provas de repasses ao partido.
- Foi tanta pressão em cima do Léo, condenado a 26 anos (...) Estou
vendo delatores com casa com piscina, em condomínios onde moram
desembargadores. Desse jeito, o Léo vai falar até da mãe dele - disse
Lula em seu discurso no seminário: "Estratégias para a economia
brasileira: desenvolvimento, soberania, inclusão", promovido pelo PT na
capital federal.
Durante seminário, o ex-presidente disse também que está com "vontade
de brigar" e que, se precisar, terá que ser candidato para fazer mais.
Alvo da Lava-Jato e réu em cinco processos, Lula disse que está sendo
tratado pior do que outros investigados.
- Está chegando a hora de parar com o falatório e mostrar a prova.
Quero que mostre um real fora do país (nas minhas contas). Prove um, não
estou pedindo dois, um real. Prove um desvio de conduta na condução da
Presidência. Estou com muita vontade de brigar! - afirmou Lula. - Não
estou sendo tratado igual aos outros (conforme a lei), estou sendo
tratado pior. Vamos enfrentar essa batalha pela frente - completou o
petista.
O ex-presidente disse ainda que não se importa em prestar depoimento para o juiz Sérgio Moro.
- Não marquei dia três e não desmarquei dia. Não estou preocupado com
a data. A data é do juiz Moro. Na hora em que for marcado, quem deseja a
verdade só é o companheiro Lula. Agora, parece que a grande prova
contra mim é o pedágio (dos carros do instituto Lula). Não vou ser
atacado, porque será a primeira vez que estarei me defendendo. Estou
tranquilo, não estou preocupado com nada - comentou.
Lula disse que não se pode deixar que um "fascista" seja eleito em 2018 e pediu que o PT vá às ruas.
- Nossas divergências são pequenas diante do ódio que acumularam lá
fora contra o PT. Quando mais a gente for para rua, mais a gente vai
diminuir essa distância entre nós e o povo. Se for indicado por vocês e
tudo der certo para ser candidato, tenho que fazer um pouco mais -
analisou Lula, que ainda acrescentou: - Eles que estão criminalizando o
que antes não criminalizavam e não temos que ter vergonha de sermos
políticos. O povo está descontente com os políticos, ótimo, para que nas
próximas eleições votem em gente melhor. O que não dá é odiar a
política e indicar um fascista para comandar o país.
Com críticas à imprensa, Lula afirmou que há uma “mistureba” dos
papéis da Polícia federal, Ministério Público, Justiça e que a imprensa
comanda o processo ao afirmar quem é “bandido ou não”. Lula ainda
ironizou as acusações, ao citar que as provas contra ele são um pedágio.
Segundo informações, havia registro de carros do Instituto Lula no
posto de pedágio, em direção a Guarujá (SP).
Nesta segunda-feira, a Polícia Federal pediu adiamento do depoimento
do ex-presidente marcado para o próximo dia 3 de maio, em Curitiba. Em
requerimento enviado ao juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de
Curitiba, a PF diz que seria necessário mais tempo para organizar a
segurança no local e que o feriado do dia do Trabalho, 1º de maio,
dificulta ainda mais a operação, já que são esperadas caravanas de
militantes do PT e de apoiadores do ex-presidente. O juiz Sérgio Moro
ainda não decidiu sobre o pedido.
A ação penal em que o ex-presidente será ouvido diz respeito ao
apartamento tríplex do Guarajá, no litoral paulista, cuja propriedade a
Lava-Jato atribui ao ex-presidente em troca de vantagens indevidas da
empreiteira OAS. Lula nega as acusações.
Contudo, na última quinta-feira, o ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro
confirmou que tríplex pertencia à família do ex-presidente. Cristiano
Zanin, advogado de Lula, contesta a informação. Ele apresentou
documentos de um processo judicial de recuperação judicial da OAS, no
qual a construtora incluiu o tríplex como parte de seu patrimônio para
pagar credores.
Para provar que está falando a verdade, Pinheiro terá que apresentar
documentos. A Lava-Jato também juntou entre os elementos probatórios
diversas ligações feitas entre o empreiteiro, o presidente do Instituto
Lula, Paulo Okamotto, entre outros funcionários.
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