segunda-feira, abril 24, 2017

PCC treinou facção para explodir caixas eletrônicos.

Os criminosos que têm explodido caixas eletrônicos no Rio foram treinados por integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), conforme revela a investigação do Ministério Público Estadual fluminense. Foram seis explosões em uma semana, as mais recentes na madrugada da sexta-feira, 22. Uma foi em Ipanema, na zona sul da capital, e outra no município de Tanguá, região metropolitana.

O Grupo de Atuação Especial em Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP se debruça sobre esse tipo de crime há nove meses. Descobriu que criminosos do Rio, ligados ao Comando Vermelho (CV) – facção até o ano passado aliada ao PCC -, receberam da quadrilha de São Paulo aulas sobre como manusear e posicionar os explosivos. O objetivo desses “cursos” era ensinar a não danificar o dinheiro guardado nos caixas. “Existe um intenso intercâmbio entre eles. Não é simples explodir caixas eletrônicos e os criminosos de São Paulo têm essa expertise há mais tempo. Eles vieram para o Rio e ensinaram as técnicas para que o caixa inteiro não fosse explodido, e não se perdesse o dinheiro”, explicou o promotor Fabiano Gonçalves.

O representante do Ministério Público Estadual esteve à frente da Operação TNT, deflagrada na quinta-feira para desarticular a quadrilha que vem realizando ataques a caixas em todo o Rio desde o ano passado. Para o promotor, trata-se do mesmo grupo responsável pelas investidas no dia seguinte.

Uma das dificuldades da facção carioca sanada pelas “lições” do PCC foi o posicionamento dos explosivos de modo a, no momento da detonação, preservar o noteiro, caixa onde fica guardado o dinheiro. Os caixas possuem um dispositivo sensível ao calor que inutiliza as notas em caso de explosão. Isso vinha atrapalhando os planos dos criminosos do Rio.

Os assaltantes usam C-4, explosivo que serve a grandes demolições, entre outras substâncias de alto poder destrutivo, adquiridas em pedreiras. Em Tanguá, os criminosos invadiram uma agência do Banco do Brasil no bairro da Taquara. Policiais militares que faziam ronda na localidade foram acionados e chegaram a trocar tiros com o grupo. Ninguém foi preso.

O modo como os assaltantes agem tem se repetido. Eles chegam em três carros, em geral, por volta das 3 ou 4 horas, em grupos de 10 a 15 homens, armados de fuzis e com os explosivos. Dividem-se em grupos e permanecem cerca de dez minutos no local. Explodem os caixas e fogem deixando na rua artefatos de arame pontiagudos, para rasgar os pneus de carros da polícia que tentem persegui-los. A ação é planejada com base em informações passadas por cúmplices no banco: eles só investem contra caixas que estão com bastante dinheiro.

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