Os criminosos que têm explodido caixas
eletrônicos no Rio foram treinados por integrantes do Primeiro Comando
da Capital (PCC), conforme revela a investigação do Ministério Público
Estadual fluminense. Foram seis explosões em uma semana, as mais
recentes na madrugada da sexta-feira, 22. Uma foi em Ipanema, na zona
sul da capital, e outra no município de Tanguá, região metropolitana.
O Grupo de Atuação Especial em Combate ao
Crime Organizado (Gaeco) do MP se debruça sobre esse tipo de crime há
nove meses. Descobriu que criminosos do Rio, ligados ao Comando Vermelho
(CV) – facção até o ano passado aliada ao PCC -, receberam da quadrilha
de São Paulo aulas sobre como manusear e posicionar os explosivos. O
objetivo desses “cursos” era ensinar a não danificar o dinheiro guardado
nos caixas. “Existe um intenso intercâmbio entre eles. Não é simples
explodir caixas eletrônicos e os criminosos de São Paulo têm essa
expertise há mais tempo. Eles vieram para o Rio e ensinaram as técnicas
para que o caixa inteiro não fosse explodido, e não se perdesse o
dinheiro”, explicou o promotor Fabiano Gonçalves.
O representante do Ministério Público
Estadual esteve à frente da Operação TNT, deflagrada na quinta-feira
para desarticular a quadrilha que vem realizando ataques a caixas em
todo o Rio desde o ano passado. Para o promotor, trata-se do mesmo grupo
responsável pelas investidas no dia seguinte.
Uma das dificuldades da facção carioca
sanada pelas “lições” do PCC foi o posicionamento dos explosivos de modo
a, no momento da detonação, preservar o noteiro, caixa onde fica
guardado o dinheiro. Os caixas possuem um dispositivo sensível ao calor
que inutiliza as notas em caso de explosão. Isso vinha atrapalhando os
planos dos criminosos do Rio.
Os assaltantes usam C-4, explosivo que
serve a grandes demolições, entre outras substâncias de alto poder
destrutivo, adquiridas em pedreiras. Em Tanguá, os criminosos invadiram
uma agência do Banco do Brasil no bairro da Taquara. Policiais militares
que faziam ronda na localidade foram acionados e chegaram a trocar
tiros com o grupo. Ninguém foi preso.
O modo como os assaltantes agem tem se
repetido. Eles chegam em três carros, em geral, por volta das 3 ou 4
horas, em grupos de 10 a 15 homens, armados de fuzis e com os
explosivos. Dividem-se em grupos e permanecem cerca de dez minutos no
local. Explodem os caixas e fogem deixando na rua artefatos de arame
pontiagudos, para rasgar os pneus de carros da polícia que tentem
persegui-los. A ação é planejada com base em informações passadas por
cúmplices no banco: eles só investem contra caixas que estão com
bastante dinheiro.
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