A relatora especial das Nações Unidas para a Eliminação da
Discriminação contra Pessoas com Lepra, Alice Cruz, denunciou nesta
quinta-feira que a hanseníase é uma "doença esquecida" apesar de,
segundo as estatísticas, surgirem mais de 200 mil casos por ano.
Cruz
pediu que sejam erradicados os estigmas sociais que rodeiam as pessoas
com essa doença, pois ainda hoje sofrem discriminação e, em muitos
casos, não têm acesso aos medicamentos.
Em um comunicado, a especialista destacou que o maior número de casos são registrados na Índia, no Brasil e na Indonésia.
Bangladesh,
República Democrática do Congo, Etiópia, Madagascar, Moçambique,
Mianmar, Nepal, Nigéria e Filipinas são alguns dos 22 países
identificados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) onde a ação médica
é prioritária.
Em 2016, surgiram 214.783 casos de hanseníase ou
lepra, como a doença é conhecida popularmente, dos quais 12.437 sofreram
sérias incapacidades. "Esse nível de incapacidade é alarmante e
completamente desnecessário", disse Cruz, para lembrar o Dia Mundial da
Lepra, em 28 de janeiro.
"Ninguém com esta patologia deveria
chegar à incapacidade", defendeu a relatora, que explicou que a doença
pode ser curada por meio de tratamento com vários medicamentos "se for
detectada e se tratada suficientemente cedo", pois, em caso contrário,
"pode causar reações imunológicas severas" como incapacidade ou dor
crônica.
"O fato de que isso ainda ocorra em 2018 mostra que há
deficiências no diagnóstico e na falta de acesso a um tratamento de alta
qualidade", acrescentou.
Além disso, Cruz apontou que "a
discriminação perpetua de forma desnecessária o sofrimento dessas
pessoas" e que "é fundamental" abordar as causas desde a raiz.
"A
discriminação está vinculada a velhos estigmas que conduzem à
segregação e às violações dos direitos humanos das pessoas afetadas.
Esse conceito errôneo deve ser abordado com informação e educação",
manifestou Cruz.
A especialista advertiu que esse estigma é só "a ponta do iceberg" e denunciou que essas pessoas continuam tendo seus diretos humanos mais básicos negados.
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