sexta-feira, janeiro 26, 2018

Pesquisadora diz que ataque a macacos pode atrasar detecção da febre amarela

A pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Mariana Rocha David, doutora em biologia parasitária, fez um alerta hoje (26) de que a grande mortandade de macacos provocada por ataques humanos por meio de espancamento ou de envenenamento pode sobrecarregar o sistema de detecção do vírus da febre amarela.

Em palestra no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, a pesquisadora destacou que a confirmação de que o macaco de fato morreu vítima da doença pode demorar um tempo maior a partir do momento em que uma grande quantidade de amostras de sangue desses animais chegar aos laboratórios de referência para serem analisadas.

“Além de a gente estar matando o animal que mostra onde está a circulação do vírus, cometendo crime ambiental, provocando desequilíbrio ecológico, a gente está sobrecarregando o sistema que detecta os casos”, disse a pesquisadora.

O último balanço da Subsecretaria de Vigilância, Fiscalização Sanitária e Controle de Zoonoses da prefeitura do Rio mostrou que o estado contabiliza 131 macacos mortos desde o início do ano. Desse total, 69% têm sinais de agressão humana.

A pesquisadora da Fiocruz também ressaltou que, se a população de macacos for dizimada, a tendência é que os mosquitos silvestres transmissores do vírus que circulam na copa das árvores voem até a borda da floresta, onde podem infectar uma pessoa que não está imunizada.

“O macaco não transmite a doença. Ele avisa onde está a circulação do vírus. Precisamos protegê-los”, disse Mariana, que reforçou a necessidade de as pessoas terem responsabilidade ao divulgar informações sobre a febre amarela nas redes sociais.

Ontem (25), o Linha Verde, programa do Disque-Denúncia específico para delatar crimes ambientais, lançou uma campanha contra o ataque a macacos no Rio de Janeiro, depois do elevado número de mortes de primatas este ano. Os animais são hospedeiros da febre amarela silvestre, e apesar de não transmitirem a doença, estão sendo atacados pela população.

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