“Nos próximos dias, o
coordenador dos projetos especiais da Globo, Amauri Soares, vai almoçar com o
pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo.
O executivo e o
religioso (125 igrejas com cerca de 40 mil fiéis no país) vão discutir
interesses comuns entre emissora e evangélicos. Até o fim de janeiro, Soares
também se reunirá com o bispo Robson Rodovalho, da igreja Sara Nossa Terra, que
tem 35 templos no país e já atraiu para o seu rebanho familiares do apresentador
Silvio Santos. Os encontros com os líderes evangélicos seguem uma agenda que
teve início em 12 de novembro passado, quando Soares recebeu 17 deles no Projac,
os estúdios do canal no Rio.
Durante horas, os religiosos acompanharam gravações
e negociaram apoio e cobertura para a Marcha para Jesus, o Dia do Evangélico e o
Dia da Bíblia. Por sua vez, os líderes prometiam apoiar o Festival Promessas,
que a Globo criou em 2011 para divulgar a música gospel – concorrente dos
eventos da Record. “Para os pastores, chegou a hora da Globo quebrar o último
grande tabu” – diz a matéria da Folha – “Que seria investir em personagens
evangélicos na teledramaturgia”, talvez uma ‘mocinha’ do horário nobre. “Em
2012, a Globo emplacou duas coadjuvantes evangélicas – Ivone (Kika Kalache), de
‘Cheias de Charme’, e Dolores (Paula Burlamaqui), de ‘Avenida Brasil’. Izabel de
Oliveira, coautora de ‘Cheias de Charme’, diz não ter recebido orientação para
criar a personagem.
No Projac, segundo a assessoria da Globo, os religiosos
“manifestaram interesse em falar sobre o perfil atual do evangélico brasileiro
para autores e roteiristas”. A Globo justificou – “A emissora considera a
contribuição relevante, assim como as que recebe de vários segmentos da
sociedade, inclusive de outras religiões”.
Mas, certamente de olho no Cardeal,
jogou os evangélicos pra escanteio – “O Amauri me explicou que a teledramaturgia
é muito independente”, disse Malafaia à Folha.
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