Trinta e um ipês foram plantados hoje (4) no Cemitério Dom Bosco,
mais conhecido como Cemitério de Perus, na capital paulista, para
homenagear 31 militantes políticos sepultados no local em uma vala
clandestina durante a ditadura militar. Também foi instalada no local
uma placa com o nome dos 31 militantes.
A placa atende a recomendações das comissões da Verdade Nacional e
Municipal de São Paulo, que sugeriram a instalação de marcas de memória
nos cemitérios municipais onde foram encontrados indícios ou documentos
que atestem que ali foram enterrados militantes políticos.
“Esse
ato aqui hoje é muito importante porque é uma marca de memória e existe
um compromisso de todos os países que assinaram os tratados
internacionais de direitos humanos de terem marcas de memória em caso de
graves violações a direitos humanos. Então aqui hoje cumprimos uma
marca de memória. Não temos como fazer a reparação do que aconteceu e,
no caso do Brasil, a Lei de Anistia ainda impediu o julgamento dos que
cometeram esses atos. Então isso [a placa] marca esse período da
história para que não esqueçamos de que ele aconteceu e para que esses
atos não se repitam”, disse a secretária municipal de Direitos Humanos e
Cidadania, Eloisa Arruda.
Os ipês foram plantados em um terreno
pouco acima do local onde se encontra o Memorial aos Desaparecidos
Políticos, criado em 1993 pelo arquiteto Ruy Ohtake, em que está
escrito: “Aqui os ditadores tentaram esconder os desaparecidos
políticos, as vítimas da fome, da violência do estado policial, dos
esquadrões da morte e, sobretudo os direitos dos cidadãos pobres da
cidade de São Paulo. Fica registrado que os crimes contra a liberdade
serão sempre descobertos". Os ipês ficaram concentrados nesse local
porque muitas das famílias de militantes políticos acreditam que há
outras áreas no cemitério que podem esconder os corpos de outros presos
políticos e que precisariam ser exploradas. Esse foi um pedido feito por
parentes dos militantes mortos e desaparecidos na ditadura para a
secretária Eloisa Arruda: para que cavem mais áreas no cemitério de
Perus. Em resposta, a secretária disse à Agência Brasil, que, se houver evidências, outras escavações poderão ser feitas.
“As
árvores não foram colocadas aqui porque provavelmente isso aqui ainda
precise ser aberto, pode haver outros”, disse o ativista José Luiz del
Roio, que militou contra a ditadura militar e teve sua companheira na
época, Isis Dias de Oliveira, assassinada. “Ela desapareceu em 1972”,
contou ele. “As indicações e análises feitas em arquivos indicam que tem
42 nomes a mais enterrados aqui. Essas 1.049 ossadas estão sendo
investigadas e Isis é uma das possibilidades entre as 42 vítimas
políticas”, completou.
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