
Os pais também repararam as mudanças no corpo da filha, mas, por falta de informação, acabaram não buscando ajuda. "Os sintomas não passavam, na verdade, só pioravam. Comecei a usar desodorante muito cedo por conta disso", lembra. O que eles não sabiam era que a filha estava entrando na puberdade precocemente.
Mesmo sendo pequena, Julia se lembra do incômodo de não ser igual às colegas. "Eu fazia natação na minha escola, então, eu via o quanto meu corpo era diferente do das outras meninas. Elas tinham um corpinho de criança, sem pelos. Eu sempre pensava: 'Por que eu tenho e elas não?' Eu era a única que não me trocava na frente das meninas por ter vergonha dos meus pelos e dos meus seios que já estavam se desenvolvendo. Eu ficava muito envergonhada do meu corpo ser diferente", recorda.
Quando tinha 7 anos, uma das mães de uma colega conversou com a mãe de Julia, sugerindo que levasse a menina em um endocrinopediatra, médico que cuida dos hormônios das crianças. "A endócrino passou muitos exames, um de idade óssea, um ultrassom para ver a questão dos ovários e folículos... E olha só, eu estava a ponto de menstruar já com apenas 7 anos", afirma. "A médica também falou que a minha idade óssea era de 12 anos, meu osso já tinha esticado bastante, o que não era bom", acrescenta.
Corrida contra o tempo.
A médica orientou que Julia começasse o tratamento para atrasar a puberdade precoce o mais rápido possível. "A gente foi atrás de conseguir a medicação pelo SUS. Foi uma corrida contra o tempo. Mas deu tudo certo por conta da urgência do meu caso, então foi tudo muito rápido e comecei o tratamento certinho com a medicação, que era por injeção", diz.
Julia precisou fazer o tratamento até os 11 anos, quando, finalmente, não precisou mais adiar a puberdade e pôde menstruar. "Foram anos dessa chateação. Meu pai ficava pelejando, era ele que aplicava, porque era enfermeiro. Toda vez, eu chorava e eu falava que não queria", diz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário