quinta-feira, maio 31, 2012

Mordomo do Papa, de fiel servente a Judas Iscariotes.

Logo após o amanhecer do último dia 23, Paolo Gabriele se despediu da mulher, falou com seus três filhos e saiu para começar mais um dia de trabalho com o homem que os católicos julgam ser o representante de Cristo na Terra, o Papa Bento XVI. No final daquele dia, o mordomo do Pontífice seria acusado de traição e alguns fiéis, incluindo um cardeal italiano, o comparariam a Judas Iscariotes, o apóstolo que entregou Jesus aos romanos.

Gabriele, descrito por conhecidos como um homem tímido e reservado, está agora no centro da pior crise do pontificado de Bento XVI. Acusado de vazar documentos que comprovam graves casos de corrupção no Vaticano, seu rosto apareceu nas primeiras páginas de jornais no mundo inteiro. O mordomo, que está detido, deve depor na semana que vem.

Para alguns — mesmo que ele seja condenado, Gabriele é um idealista que queria acabar com a corrupção nas raízes do Vaticano e teria sido ajudado por cúmplices. Para outros, ele é apenas um bode expiatório dentro da complexa luta de poder entre cardeais na Santa Sé.

— Conheço Paolo (Gabriele) e não acredito que ele é capaz de fazer algo deste tipo sozinho. O que aconteceu é claramente uma quebra de confiança para o Papa, mas não acredito que ele agiu sozinho — disse uma fonte que não quis ser identificada à Reuters.

No último dia 23 de manhã, quando Gabriele entrou no apartamento privado do Papa, o mordomo andou por um corredor, passando pela capela privada de Bento XVI e serviu o café da manhã para o Pontífice. Já naquele dia, o funcionário sabia que era um suspeito no inquérito que desde janeiro investiga o vazamento de informação dentro do Vaticano.

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