O Brasil conseguiu reduzir a sua taxa de reprodução
do coronavírus para menos da metade desde o início da pandemia. Em
fevereiro, quando foi registrado o primeiro caso no país, uma pessoa que
contraísse a doença a transmitia para outras 3,5 na média. Hoje, o
número está em 1,4. Em São Paulo, esse índice é menor, de 1,3.
Essa é uma das conclusões de um estudo feito pelo físico nuclear
Rubens Lichtenthaler Filho, da Universidade de São Paulo, e do médico
Daniel Lichtenthaler. O levantamento foi feito com base nos números
oficiais divulgados pelo Ministério da Saúde. “Ficou claro que a
política de distanciamento social é essencial para reduzir o número
total de casos e controlar a epidemia”, diz o estudo.
“É consequência dessas medidas de afastamento social que foram
tomadas. Mas ainda é pouco. Em termos de epidemia, o número tem que
ficar abaixo de um. Ao olharmos os dados da Alemanha, por exemplo, está
em 0,8. Lá eles conseguem controlar. E aqui o número de casos ainda está
crescendo”, diz um dos autores do estudo, Rubens Lichtentaler, do
departamento de Física Nuclear da USP. O estudo ainda é um manuscrito
(pré-print), que ainda não passou por revisão de pares.
O levantamento aponta que um relaxamento nas medidas de isolamento
aumentará essa taxa de reprodução de forma “imprevisível”, apontando que
tais mudanças para o retorno da atividade econômica e social devem
ocorrer de forma “gradual”, mantendo o monitoramento das curvas da
epidemia.
O estudo também defende que sejam feitas pesquisas amostrais com a
população para determinar a quantidade de pessoas com a doença, como
forma de determinar em que momento da epidemia o país está e a que
distância do pico. Se não houver conhecimento de quantos estão realmente
infectados, ficaria muito difícil de fazer previsões confiáveis sobre
controle do novo coronavírus, diz o texto.
Os pesquisadores defendem que o lockdown é uma forma de reduzir essa
taxa para abaixo de 1, e que tal decisão deve ser tomada a partir da
análise de dados de cada cidade ou comunidade. O governo federal é
contrário a essa medida e tem defendido, inclusive, o relaxamento das
políticas atuais de isolamento social.
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