quarta-feira, janeiro 30, 2019

Impedir Lula de enterrar o irmão confirma que ex-presidente é preso político.

Há um limite para tudo, diz o ditado, mas no caso dos juízes envolvidos na Lava Jato esse limite tem sido dilatado indefinidamente para impedir que ao ex-presidente Lula sejam assegurados direitos mínimos.

O caso agora é a negação do pedido de Lula para ir ao velório e enterro do irmão, Genival Inácio da Silva, o Vavá, em São Bernardo do Campo.

A juíza da 12a. Vara Federal de Curitiba, Carolina Lebbos, aceitou o argumento da Polícia Federal e do Ministério Público Federal de que o melhor a fazer é impedir Lula de ir a São Bernardo do Campo.

Em sua manifestação à juíza, o Ministério Público Federal deu um argumento jurídico para a Carolina Lebbos negar o pedido.

Disse que o artigo 120 da Lei de Execuções Penais, que trata do direito do preso de ir a velório de parente próximo, não é determinante, mas estabelece uma possibilidade.

Já a PF forneceu um argumento de caráter logístico. Fez referência a Brumadinho para dizer que helicópteros que poderiam levar Lula estão sendo usados para atender às vítimas da tragédia.

A PF tem avião, mas, ainda que não tivesse, poderia aceitar a oferta do PT de fretar um voo até São Bernardo do Campo, mas aí a instituição colocou outro obstáculo: o trânsito na cidade.

Ruas de São Bernardo teriam que ser interditadas para eliminar alguns riscos, como, por exemplo, o resgate e fuga de Lula.

O que os agentes ligados à Lava Jato estão fazendo é invocar qualquer desculpa para negar a Lula um direito que se insere no rol de  princípios da dignidade humana. Lula não está acima da lei, mas também não está abaixo. E da parte dele têm sido dadas demonstrações de lealdade e absoluto respeito às autoridades e à legislação.

A decisão judicial de impedir Lula de enterrar o irmão se insere em um conjunto de medidas que dão à prisão de Lula as características de um encarceramento por razões políticas.

Se o preso fosse outro, dificilmente o pedido seria negado.

O que as autoridades envolvidas com a Lava Jato parecem temer é Lula, e que sua simples aparição em público possa despertar no brasileiro a lembrança de um governo que deu certo.

É uma situação opressiva, mas não insuperável.

Negaram a Lula o direito de se despedir de um irmão muito próximo, não se dando conta de que a história é um motor em movimento, e ninguém conseguirá deter a força de uma ideia.

O Brasil de hoje evoca os tempos sombrios da ditadura, em que operários em greve liderados por Lula costumavam dizer que viviam uma situação em que, se ficar, o bicho come; se correr, o bicho pega; mas, se houver união, o bicho foge.

Está na hora de se organizar para resistir e fazer o bicho do autoritarismo fugir de novo para bem longe.

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