terça-feira, março 23, 2010

Toma que o terreno é meu



Vamos combinar um negócio? Vou invadir o quintal da sua casa. Não vou pagar nada por isso. Também vou proibir sua família de entrar na área. Para garantir, vou colocar cerca em volta, com seguranças. Depois de anos, porque eu sou bonzinho, vou devolver o pedaço. Mas só se você me agradecer por isso. Está bom assim?

Foi essa a imagem que me veio quando soube que a Rede Globo “doou” um terreno para o governo do Estado de São Paulo construir uma escola técnica. Li isso no portal Comunique-se, voltado para profissionais de comunicação. “Doou”. Doeu. Deu o que não era dela! Quer dizer então que não devolveu! Cara de pau!

Para quem não conhece a história, é rapidinho: a Globo incorporou ao seu patrimônio um terreno público de quase 12 mil metros quadrados, avaliado em mais de R$ 11 milhões. A área fica contígua ao prédio da emissora no Brooklin, em São Paulo. Terrenão.

Era uma praça. Virou pista de cooper exclusiva aos funcionários da emissora. Ninguém podia frequentar o lugar. Tinha grade e vigilância 24 horas. Apropriação indébita. Invasão, se o MST se atrevesse a fazer algo parecido. Caso de polícia.

Houve uma gritaria, claro. O povo não é bobo. Conversa vai, conversinha vem, semana passada a Velha Senhora assina um convênio com o Serra e posa de bacana. Detalhe: a tal escola vai formar profissionais de quê? De multimídia, áudio e vídeo. Quanta generosidade!

Aí vou no site da Globo e vejo que o terreno “é propriedade do Estado”. Então confessaram o crime?! Invadiram a área esses anos todos. Para uso particular e mesquinho. Sem gastar um centavo. Socorro! Cadê o Ministério Público? Hein?

Não vão ser punidos por isso? Não, não. Vão ficar olhando para nossas caras de patetas esperando que a gente diga obrigado, obrigado. Ah, vá. Chama o ladrão! Chama o ladrão!

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