Um crime cometido em um suposto ritual de magia negra chocou ontem o bairro do Cordeiro, Zona Oeste do Recife. A professora da rede estadual de ensino Maria Iracy Tavares de Moraes, 51 anos, foi envenenada, carbonizada e esquartejada. As partes do corpo jogadas no açude de Surubim, no Agreste do estado, segundo confessou ontem o companheiro Ailton Félix,41. Os dois eram filhos de santo e moravam numa casa onde funcionava também o terreiro Axé Iiê de Maria Padilha. O mentor do crime teria sido o pai de santo Paulo Vítor de Araújo Gomes, 23, proprietário do centro.
Segundo a polícia, com a ajuda da mulher, a ialorixá Elizabete de Lima Santos, 41, teriam envenenado a professora, possivelmente, com cloreto de sódio injetado na veia dentro do terreiro. Depois, levaram o corpo para um sítio em Surubim, onde jogaram gasolina e atearam fogo. Em seguida, esquartejaram e jogaram os pedaços no açude. O companheiro da vítima confessou friamente ter cortado a mulher em pedaços, ´articulação por articulação`.
A relação entre o pai de santo e a ialorixá é tão estreita que ele tem o nome Elizabete na testa. O jovem tem o rosto completamente tatuado e nas costas a imagem do satanás em forma de mulher. Ele negou participação e colocou a culpa no marido da professora morta. Por sua vez, Ailton Félix disse que apenas seguiu ordens do seu mentor espiritual. A faca usada no crime foi quebrada em três pedaços e jogada no açude também.
O ritual aconteceu no dia 4 de fevereiro. A ossada foi localizada pela polícia na última terça-feira. A família comunicou o desaparecimento no último dia 11, mesmo dia em que Ailton Félix, ameaçado pelo pai de santo, procurou o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa para confessar o crime. ´Ele contou três versões distintas. Por último, nos levou ao local certo`, explicou o delegado Felipe Regueira. O próprio suspeito entrou no açude e localizou os pedaços da vítima.
Maria Iracy morava no terreiro há dois anos, quando foi apresentada ao grupo por uma amiga. Relacionava-se com Ailton há um ano e,segundo familiares, entregava todo o dinheiro que possuía para a ialorixá. ´Ela vendeu uma casa avaliada em R$ 55 mil, fez um empréstimo de R$ 30 mil e até o carro que tinha entregou para a mãe-de-santo. Na casa, constatamos que o casal vivia em condições subumanas, enquanto Paulo e Elizabete viviam com luxo na parte de cima`, analisou o delegado. A professora estava de licença há seis meses. O delegado disse, apenas, que a vítima tinha uma filha de 30 anos.
Acreditamos que outras pessoas podem ter sido assassinadas por eles. Vamos investigar se há outros envolvidos nos rituais e outras vítimas`, disse o gestor do DHPP, Joselito Kehrler. Na próxima semana será feita a reconstituição em Surubim. Os suspeitos, todos presos, não participarão.
Fonte: D/O.
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