terça-feira, maio 20, 2014

Pesquisa atesta que 69% rejeitam liberação da maconha.


Se depender da maioria da população do Rio, a maconha vai continuar sendo uma erva proibida. Pesquisa realizada pelo Instituto GERP, encomendada pelo DIA, aplicada em 870 pessoas do estado, entre os dias 18 e 23 de abril, revela que 69% dos entrevistados são contra a legalização da droga. Já os que defendem a liberação para qualquer finalidade somam 17% e, apenas para uso medicinal, 10%.

De acordo com a pesquisa, 56% dos que não aceitam a legalização apontam o aumento da violência como principal motivo da rejeição. Um grande contingente (42%) é contra por acreditar que a droga faz mal à saúde. Porém, a questão divide especialistas da área médica.

O coordenador da Câmara Técnica de Psiquiatria e Saúde Mental do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj), Miguel Chalub, afirma que a erva “é inofensiva” e não contém componentes químicos que causam dependência. “Quando a pessoa quer parar de consumir, ela consegue. Já tive vários pacientes usuários, são pessoas normais. O grande problema é ela ser proibida, o que gera banditismo”, disse Chalub, 50 anos de psiquiatria.

Já o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Antônio Geraldo da Silva, defende que a maconha pode causar doenças mentais graves. “A droga desencadeia quadros de esquizofrenia, bipolaridade, transtornos depressivos e quadros psicóticos, como alucinações. Não se pode brincar com isso”, afirmou.
 
Para a juíza Maria Lúcia Karam, presidente da LEAP Brasil (Law Enforcement Against Prohibition), uma entidade internacional com sede nos EUA que combate a proibição de drogas, a questão deve ser pensada em torno da violência. Segundo Maria Lúcia, se a maconha fosse legalizada, quebraria o ciclo vicioso da indústria do tráfico. “Onde se vende cerveja, por exemplo, não existe troca de tiros, mas isso já aconteceu nos EUA em 1920, quando a bebida era proibida”, argumentou.

Enquanto isso, debates e atos sobre a legalização vem tomando conta da cidade. A Marcha da Maconha reuniu, na semana passada, em Ipanema, cerca de 12 mil pessoas. Segundo o vereador Renato Cinco (Psol), organizador da marcha, em 2005, a passeata reunia 400 pessoas. Ele considerou o resultado de 69% de pessoas contra a legalização como positivo. “No ano passado, as pesquisas mostravam um número 10% maior contra a legalização. Aos poucos, a mentalidade da população vai mudando. Demorou um século só para o tema entrar em debate”, sustentou.

Já o cientista político e professor da PUC-Rio, Ricardo Ismael, afirma que o resultado mostra que o tema ainda é tabu. Isso porque ainda há preconceito contra usuários e se acredita que a legalização aumentará a adesão à erva. “As pessoas temem pelos próprios filhos, acham que a maconha pode levar ao consumo de outras drogas. Os meios de comunicação precisam ampliar mais o debate sobre ela para que essa resistência acabe.”

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