Antes o cigarro só fazia mal a quem
fumava. Depois passou a ser vilão também para quem inalasse a fumaça, ou
seja, mulher de fumante é fumante passiva. Agora, de acordo com
pesquisadores americanos, o tabagismo ganha mais uma culpa: mesmo com a
brasa já há tempos apagada, ambientes devidamente defumados pelo tabaco
são impregnados de partículas com efeitos cancerígenos por até dois
meses, batizados com a expressão inglesa “thirdhand smoke”, ou “fumo de
terceira mão”, em tradução livre. Isso mesmo, se seu filho vai à escola
no carro em que você fuma o resto do dia, ele está mais exposto que
aquela criança com pais que não gostam de tabaco.
Como se trata de um tema de estudo
recente – os primeiros trabalhos de referência começaram a ser
publicados em 2009 -, o que se conseguiu provar até agora é que o risco
existe. Mas ainda não se sabe se o fumo passivo é mais ou menos perigoso
que o efeito dos ambientes impregnados por nicotina.
A principal substância em questão é a
nitrosamina. É o cancerígeno resultante da queima da nicotina e se
apresenta em várias versões. Um estudo da Universidade de Berkeley, na
Califórnia, tido como referência desde então, provou que o óxidos de
nitrogênio disponíveis no ar, sobretudo nas grandes concentrações
urbanas e industriais, reagem com a nicotina impregnada a ponto de
torná-la de novo em nitrosamina inalante. O problema é que resíduos de
nicotina têm capacidade de ficar depositados em superfícies de ambientes
fechados, assim como em tecido e na pele humana.
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