Quando o mineiro Carlos Valadares, de 54 anos, abriu um livro velho
jogado no lixão da Avenida Great Plain, teve a sensação de esbarrar num
baú deixado por piratas. As folhas, que haviam sido coladas
cuidadosamente umas às outras e recortadas para formar um buraco no
centro, guardavam um tesouro. Mais de US$ 20 mil, em notas de US$ 100 e
US$ 50. O dinheiro não seria capaz de transformá-lo em milionário, mas,
para Valadares, que imigrou de Ipatinga para os Estados Unidos
há 33 anos, a quantia resolveria vários problemas financeiros.
Resolveria, porque Valadares não se apossou do dinheiro. Há seis meses,
ele procura o dono do livro e do tesouro guardado em seu interior.
Encontrá-lo tem se mostrado mais difícil do que achar US$ 20 mil num
lixão.
Valadares mora com a família – sua mulher, dois filhos, de 21 e 15 anos, um neto, de 4, e o genro – na cidade de Marlborough, a 50 quilômetros de Boston. Na década de 1980, com 20 anos, cumpriu o roteiro de milhares de imigrantes brasileiros nos Estados Unidos. Trabalhou como taxista, entregador de jornal, lavador de pratos, soldador e gerente de restaurante. Em 1985, conseguiu o green card, visto de residência permanente que lhe permite viver e trabalhar no país. Hoje, Valadares se divide entre duas ocupações. No verão, aproveita o tempo bom para liderar uma equipe de pintores de casas. Durante o inverno, trabalha com a mulher fazendo faxinas na cidade vizinha de Wellesley. Ganha US$ 6 mil por mês (cerca de R$ 12 mil). Foi como faxineiro que Valadares encontrou o dinheiro, em outubro do ano passado.
Valadares mora com a família – sua mulher, dois filhos, de 21 e 15 anos, um neto, de 4, e o genro – na cidade de Marlborough, a 50 quilômetros de Boston. Na década de 1980, com 20 anos, cumpriu o roteiro de milhares de imigrantes brasileiros nos Estados Unidos. Trabalhou como taxista, entregador de jornal, lavador de pratos, soldador e gerente de restaurante. Em 1985, conseguiu o green card, visto de residência permanente que lhe permite viver e trabalhar no país. Hoje, Valadares se divide entre duas ocupações. No verão, aproveita o tempo bom para liderar uma equipe de pintores de casas. Durante o inverno, trabalha com a mulher fazendo faxinas na cidade vizinha de Wellesley. Ganha US$ 6 mil por mês (cerca de R$ 12 mil). Foi como faxineiro que Valadares encontrou o dinheiro, em outubro do ano passado.
Uma de suas atribuições é levar o lixo para a central de despejo e
reciclagem da cidade – um local bastante diferente dos lixões
brasileiros. O lugar é limpo e ordenado. Há um espaço para descartar
resíduos orgânicos, outro totalmente diferente para abrigar material
reciclável e outros em que é possível deixar objetos em bom estado, como
móveis ou aparelhos eletrônicos. A cada visita, Valadares não deixa de
dar uma olhada num canto especial: uma espécie de armário, com portas de
correr, com livros para ser doados. Sempre procura obras para a filha
Jéssica, estudante do último ano de arquitetura, e revistas sobre a
natureza e vida selvagem, uma de suas leituras preferidas. Naquele 12 de
outubro, em meio a uma coleção para crianças, encontrou um livro grosso
que chamou sua atenção. Pegou o volume, folheou até a página 15, e
aconteceu: deparou com as notas, acomodadas no buraco no interior do
livro
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