A busca por mais corpos na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, em
Nísia Floresta (RN), esbarra em um obstáculo invisível às câmeras da
imprensa que, desde o massacre de 26 presos na semana passada,
vigiam diariamente a unidade. São as 40 fossas de 18 metros cúbicos
espalhadas pela área do presídio. Até mesmo procurar pelas cabeças de 13
corpos decapitados já retirados do local é uma tarefa difícil e,
segundo o diretor-geral do Instituto Técnico-Científico de Perícia
(Itep), Marcos Brandão, é provável que algumas nunca sejam encontradas.
Na primeira operação depois do massacre, 15 corpos foram resgatados sem
cabeça e duas cabeças sem corpo. Identificadas as combinações entre as
partes, restaram 13 mortos a serem completados. No sábado (21), o
Itep recolheu mais duas – uma delas incompleta – e um fragmento de
crânio já em estado avançado de decomposição. O material será analisado
para saber se correspondem a algum dos cadáveres já recolhidos ou se
seriam de mortos ainda não contabilizados. Com o resultado positivo,
restariam ainda 11 cabeças a serem encontradas. Facções rivais disputam o
controle do presídio.
Neste domingo, o diretor do presídio
informou ao diretor do Itep que os presos apontaram uma fossa onde
estaria mais uma delas. Ainda se espera a confirmação do local para que
seja feita uma nova operação de resgate. No entanto, a grande quantidade
de fossas e o tamanho delas, segundo Marcos Brandão, vai dificultar
esse tipo de trabalho, a ponto de tornar provável que algumas cabeças
fiquem para sempre debaixo daquele solo.
"São fossas muito
grandes, 18 metros cúbicos, e são muitas. Demorou um dia inteiro só para
esgotar uma delas. Lógico que as buscas vão continuar, mas acredito que
não vamos achar todas. Em regra, nas fossas existe a parte líquida, mas
tem a parte de lama que fica embaixo e não dá para tirar. E a cabeça em
decomposição começa a soltar osso e fica muito difícil achar", explica
Brandão. "A gente tem que trabalhar com isso em mente". Via Bol.
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