sábado, julho 15, 2017

Cotidiano de parentes de vítimas de acidente da TAM é marcado por dor e saudade.

O empresário do ramo de calçados Roberto Silva, de 61 anos, pai da comissária Madalena Silva, de 20 anos, uma das vítimas do acidente, mudou-se com a esposa Therezinha, de 56 anos, e a filha mais nova Soélen, da cidade de Dois Irmãos, a 45 quilômetros do aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, para São Paulo. Vive atualmente em um apartamento a poucos metros do aeroporto de Congonhas, onde ocorreu a tragédia.

Todas as terças-feiras, dia da semana em que ocorreu o acidente, Roberto visita a área de desembarque do aeroporto de Congonhas. Há dez anos, no mesmo horário da tragédia, por volta das 18h49, Roberto vai ao local. “Ali era o trabalho da nossa filha. Eu vou toda terça-feira, quando estou em São Paulo, ao aeroporto, principalmente na área de desembarque, e fico imaginando a minha filha descendo ali”, disse. “Daria tudo que a gente tem por um milagre, para ter a Madalena de volta.”

“Até hoje, passados 10 anos, não tem um dia em que eu não chore de saudade da minha filha”, disse Roberto. “E dormimos muito pouco”, acrescenta a mãe, que é voluntária da Cruz Vermelha. “Tem dias que sangra muito. E tem dias que conseguimos amenizar. Mas é complicado. Isso vai ser para o resto da vida, a imagem dela. Eu queria reconhecer [o corpo dela, que demorou 26 dias para ser identificado], mas não deixaram. Então, a imagem que ficou é dela sorridente.”

Madalena era uma dos 25 tripulantes e funcionários da TAM que estavam no voo, embora não estivesse trabalhando naquela noite. Fazia apenas 10 meses que ela trabalhava como comissária na companhia.

“Recebemos a notícia [sobre a morte de Madalena] quase duas horas da madrugada. Não sabíamos realmente se a Madalena estava naquele voo. Sempre temos aquela pequena esperança. Daí nos ligaram e nossa outra filha atendeu. Ligaram e falaram assim: ‘ Madalena Silva teve óbito e amanhã de manhã terá um voo saindo de Porto Alegre para São Paulo. E desligaram”, contou a mãe, Terezinha, chorando.

Nestes últimos 10 anos, a vida desses pais mudou muito. “Ficamos doentes neste período e evitamos, ao máximo, sermos dependentes de remédios. Mas até hoje, a Therezinha, tem uma caixa de remédios que ela toma diariamente e eu tenho os meus”, conta o pai. “A gente toma remédios, talvez cure, mas não existe remédio para curar a dor do coração. É só o amor”, ressalta a mãe.

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