segunda-feira, julho 31, 2017

Reajuste diário da Petrobrás demora a chegar às bombas.

Desde o início de sua nova política de preços de combustíveis, no início deste mês, a Petrobrás já fez 18 reajustes, quase um por dia. O último começou a valer no sábado: queda de 0,2% no diesel e alta de 1% na gasolina. No acumulado do mês, sem considerar a elevação de impostos anunciada no dia 20, a gasolina ficou 2,6% mais cara nas refinarias e o diesel, 6,4%, conforme o Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).

O “sobe e desce” ainda não chegou aos consumidores, mas, no longo prazo, a tendência é de queda. Desde que a Petrobrás passou a alinhar seus preços com o mercado internacional, em outubro de 2016, o preço da gasolina acumula queda de 13,8% e o do diesel, de 12,1%. Antes do estabelecimento da flutuação diária, as mudanças de preço eram mensais.

Um cenário semelhante ao dos Estados Unidos, com preços nas bombas mudando quase todo dia, porém, parece distante. Conforme levantamento da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), entre a semana encerrada em 1.º de julho e a encerrada em 22 julho, houve baixa para os consumidores, na média nacional: -1,31% na gasolina e -1,32% no diesel.

Os preços nas bombas não refletem o sobe e desce dos valores anunciados pela Petrobrás porque os distribuidores, que compram os combustíveis nas refinarias e revendem aos postos, estão segurando repasses, segundo José Alberto Gouveia, presidente do Sincopetro, sindicato dos donos de postos de São Paulo. “No momento, está todo mundo perdido. Os reajustes estão tão constantes que não dá para mexer na bomba”, disse.

Neste primeiro mês, a prática no mercado paulista tem sido segurar repasses inferiores a 2,5%, embora cada distribuidor tenha sua política de preços, acrescentou Gouveia. Procurado, o Sindicom, sindicato nacional das distribuidoras, não quis se manifestar.

Segundo o consultor John Forman, ex-diretor da ANP, em muitos países, é comum que a definição dos preços de combustíveis passe por decisões políticas, em função da maior ou menor presença do Estado na economia. No Brasil, não há regulação formal dos preços, mas, como a Petrobrás controla quase todas as refinarias, a estatal acaba tendo esse papel Forman lembra que, principalmente no primeiro governo Dilma Rousseff, a estatal perdeu bilhões de reais aos segurar os preços da gasolina para evitar a inflação, enquanto os preços internacionais estavam nas alturas.

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