O senador José Agripino Maia (DEM-RN) negou nesta quinta-feira, 13,
por meio de nota, que tenha empregado funcionário fantasma. “A acusação
que me fazem não é verdadeira. Nunca tive nos quatro mandatos de senador
que exerci nenhum funcionário fantasma no meu gabinete. Asseguro que
isso ficará demonstrado na resposta que oferecerei à denúncia”, afirmou.
Nesta quinta, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge,
denunciou o senador por peculato e associação criminosa sob acusação de
liderar um esquema que teria desviado R$ 590,6 mil do Senado Federal por
meio de pagamentos a um funcionário fantasma. Também foram denunciados
pela PGR o vereador de Campo Redondo (RN) Victor Neves Wanderley e o
servidor público aposentado Raimundo Alves Maia Junior.
As defesas de Wanderley e de Maia Junior não se pronunciaram sobre o caso.
A denúncia mostra que Agripino Maia nomeou Victor Neves Wanderley em
11 de março de 2009 para assumir o cargo de assistente parlamentar no
Senado Federal. Wanderley, no entanto, não exerceu de fato a função
entre março de 2009 e março de 2016, segundo a denúncia. “Foi um
funcionário fantasma designado para implementar o desvio e a apropriação
ilícita de R$ 590 633,43, para serem distribuídos entre os
denunciados”, escreveu Dodge. Nesses sete anos, Wanderley trabalhou em
uma farmácia que pertencia a seu tio.
A acusação narra que Wanderley manteve-se vinculado à associação
criminosa, aceitando nomeações fictícias que o tornaram um funcionário
fantasma que não prestava serviços públicos mas era remunerado por eles.
A seguir, diz a denúncia, Wanderley transferia o salário que recebia
para Raimundo Maia, que realmente prestava serviços ao senador Agripino
Maia.
De R$ 590,6 mil desviados entre 2010 e 2015, ao menos R$ 460,9 mil,
cerca de 78%, foram repassados para Raimundo Maia, sua esposa e dois
filhos. Do total, R$ 433,8 mil foram repassados por Wanderley para a
conta de Raimundo por meio de transferência bancária; R$ 6,2 mil foram
para Ester Emerenciano Maia, esposa de Raimundo Maia; R$ 19,8 mil foram
para Gabriel Emerenciano Maia, filha de Raimundo Maia; e R$ 1,1 mil
foram repassados para Marcelo Augusto Emerenciano Maia, filho de
Raimundo Maia.
A Secretaria de Gestão de Pessoas do Senado Federal informou que
Wanderley tem residência em Natal e as investigações mostraram que ele
nunca residiu em Brasília. Os investigadores solicitaram então que
companhias aéreas apresentassem os registros de viagens de Wanderley
entre Natal e Brasília de 2009 a 2015, mas nenhum foi encontrado.
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