Quando um filé de peixe chega na mesa de um cliente no restaurante ou
quando alguém compra uma lata de atum no mercado, não é difícil de
imaginar que antes daquele momento toda uma cadeia de produção entrou em
cena, desde o pescador artesanal ou um navio pesqueiro, até o preparo
final para o consumo. O que poucos sabem é que existem muitos
equipamentos de pesca abandonados no oceano ameaçando várias espécies da
vida marinha. A isso se dá o nome de pesca fantasma.
“Dez por cento do lixo plástico marinho que entra nos oceanos todos
os anos é equipamento de pesca perdido ou abandonado nos mares. E esses
materiais, por terem sido desenhados para fazer captura, eles têm uma
capacidade de capturar e gerar um sofrimento nos animais, com impacto em
conservação”, explica o gerente de vida silvestre da organização não
governamental (ONG) Proteção Animal Mundial, João Almeida.
A ONG lançou este mês a segunda edição do relatório Fantasma sob as Ondas.
O estudo mostra que a cada ano 800 mil toneladas de equipamentos ou
fragmentos de equipamentos de pesca, chamados de petrechos, são perdidos
ou descartados nos oceanos de todo o planeta. Essa quantidade
representa 10% de todo o plástico que entra no oceano. No Brasil,
estima-se que 580 quilos desse tipo de material seja perdido ou
descartado no mar todos os dias.
Dentre os petrechos mais comuns estão as redes de arrasto, linhas,
anzóis, linhéis, potes e gaiolas. Esses petrechos podem matar de várias
formas. Os animais podem ficar feridos ou mutilados na tentativa de
escaparem, presos e vulneráveis a predadores ou não conseguem se
alimentar e morrem de fome.
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