quinta-feira, janeiro 07, 2016

Coluna “Espaço da Preta”: Ubuntu: eu sou, porque nós somos!

Boa tarde a todos e a todas, quero iniciar este texto agradecendo ao meu amigo e blogueiro Valdemar Tibá pelo convite em escrever esta Coluna “Espaço da Preta” que semanalmente, todas as quintas-feiras, trará para vocês assuntos e temas referentes aos universos africano e afro-brasileiro. Quero também externar minha alegria em falar dessas temáticas, tendo em vista a conjuntura social em que o Brasil atualmente se insere, sendo que, mais da metade da população é negra, mas ainda vive uma realidade de discriminação, racismo e preconceito, então, ter um espaço como este é importante para desmistificar alguns tabus da nossa sociedade como as religiões de Matriz Africana (Candomblé, Umbanda, entre outras), e o próprio racismo que está enraizado nas mais diversas estruturas sociais desse país. E outros assuntos como a saúde da população negra, manifestações culturais afro-brasileiras, questões sobre juventude e a mulher negra, entre outros.

Bom, mas para iniciar está coluna venho aqui falar sobre Ubuntu, uma palavra que poucas pessoas conhecem, mas que recentemente está sendo muito divulgada nas redes sociais como uma forma de convivência pacífica entre os humanos. Na realidade, o Ubuntu é uma filosofia que vem sendo usada como uma ética antiga de convivência entre os povos desde tempos imemoriais em alguns países e aldeias africanas, é um legado da nossa ancestralidade que traz em seus conceitos e atitudes a essência do ser humano e como deve se comportar a sociedade.

Para os africanos o Ubuntu se traduz na capacidade humana de compreender, aceitar e tratar bem o outro com generosidade, solidariedade e compaixão, é o desejo mais sincero de felicidade e harmonia entre homens e mulheres. Assim, é um modo de vida em que eu, só sou eu com as outras pessoas, pois não somos uma ilha isolada no tempo e no espaço, precisamos dos outros, da coletividade e da cooperação para sermos felizes.

Uma pessoa imbuída do sentimento Ubuntu é afetada quando seus semelhantes são oprimidos e humilhados, por que parte do princípio da união, do amor e respeito pelos outros. Desta maneira, prega o respeito por todas as expressões religiosas, pela individualidade e pelas escolhas de cada um, e no desenrolar dessas relações ressalta a importância do acordo e do consenso.

Decidi iniciar esta coluna falando sobre o Ubuntu por que vivemos tempos difíceis na humanidade, o egoísmo, a voracidade do capitalismo desenfreado, a globalização desestruturante, a corrupção, e a violência tomaram conta de nossas sociedades, e com isso aprendemos a odiar nossos semelhantes com muita facilidade. Odiamos por que os outros fazem outras escolhas que não são as nossas, odiamos a cor da pele dos outros, suas religiões, suas escolhas afetivas, odiamos até a bondade que existe nas outras pessoas.

Em função desse cenário devastador precisamos pregar o amor, a paz e o Ubuntu como filosofia de vida. Precisamos aprender a perdoar e nos livramos das amarras que nos prendem ao passado e a pensamentos limitantes, necessitamos aprender que nossos semelhantes são a extensão do nosso amor, que eu só posso ser eu através de vocês e com vocês.

Assim, termino este texto pedindo paz para a humanidade, que em 2016 possamos nos encontrar nas diferenças, que o amor seja maior que a hipocrisia, e que a paz seja maior que a guerra e a violência.E assim como Nelson Mandela "Sonho com o dia em que todos levantar-se-ão e compreenderão que foram feitos para viverem como irmãos".

Axé, Amém, Namastê, Saravá, Optcha, Shalom... Saudação a todas as energias positivas do universo.

Por Ana Paula de Lima.

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