A faixa dos 60 a 64 anos lidera o ranking, com 11,1% dos indivíduos
diagnosticados. De acordo com especialistas, embora comum, porém, a
depressão entre idosos está longe de ser “normal”.
A psicóloga Raquel Cohen, pesquisadora da Pós-graduação em Saúde
Coletiva da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, afirma que a
visão pessimista e o desânimo característicos da depressão podem colocar
em risco a saúde do idoso.
“Ao se sentir assim, ele tem menor probabilidade de ir em busca de
tratamento, de mudar hábitos e atitudes que garantam um melhor
autocuidado”, diz. Por outro lado, as doenças crônicas comuns na velhice
também têm o potencial de influenciar o quadro depressivo. “Por
exemplo, um idoso que começa a sofrer de incontinência urinária talvez
tenha que se adaptar ao uso de fraldas geriátricas, o que o leva, muitas
vezes, a diminuir significativamente a autoestima e sua participação em
eventos sociais”, afirma a psicóloga
O psiquiatra gerontólogo Eduardo Nogueira diz que, enquanto a tristeza
nem sempre está presente nos idosos deprimidos, há outras
características que merecem atenção, como apatia, redução de contato
social e negativismo. “Em situações assim, não é incomum ocorrer a
depressão sem tristeza, que é menos perceptível para paciente,
familiares e profissionais. Ou seja, atenção àqueles idosos que ficaram
muito quietos.”De acordo com a pesquisa, mulheres têm risco maior de
desenvolverem a doença, principalmente quando há isolamento social,
viuvez e histórico de quadros depressivos.
O tratamento do idoso com depressão deve levar em conta essas
particularidades e incluir estratégias além da medicamentosa, alerta a
epidemiologista Gabriela Arantes Wagner, que critica o excesso de
antidepressivos, como o da fluoxetina. Um levantamento do Núcleo de
Estudos em Saúde Pública e Envelhecimento da Fundação Oswaldo Cruz e da
Universidade Federal de Minas Gerais mostrou que, de 1997 a 2012, o
consumo de antidepressivos por idosos passou de 8,3% para 23,6%.
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