Apesar da recente aprovação de uma lei
que libera o uso de inibidores de apetite, a importação desses produtos
para a venda no Brasil continuará vetada.
A afirmação foi dada à Folha pelo diretor-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Jarbas Barbosa.
Segundo ele, como a lei fala apenas em
autorizar “produção, comercialização e consumo”, sem citar a importação,
a agência passará a vetar tentativas de empresas em trazer os
anorexígenos anfepramona, femproporex e mazindol do exterior.
A ação tem base nas atuais regras
brasileiras, que impedem a importação de produtos sem registro na Anvisa
para serem vendidos no país.
Para uso próprio, por pessoas físicas,
porém, a importação é permitida, desde que em quantidade e frequência
compatíveis para uso –com receita médica, por exemplo.
“Como a lei não incluiu a importação, e
medicamento sem registro só pode ser importado para uso individual, essa
seria uma medida que teríamos de proteção [à saúde da população]”, diz
Barbosa.
Segundo ele, essa foi a única opção
encontrada pela agência para realizar o controle dos medicamentos
recém-liberados –ainda assim, somente em parte.
“É a única brecha que vimos, mas é só
uma parte. Não elimina os riscos da lei. Em relação à produção no Brasil
e comercialização, avaliamos que abre a porteira para o mercado
paralelo e ilegal”, diz. “Esperamos que o Supremo barre isso porque abre
um precedente grave.”
Derivados das anfetaminas, os
anorexígenos anfepramona, femproporex e mazindol foram comercializados
por décadas no país, até serem proibidos pela Anvisa em 2011. Na
ocasião, a agência alegou que essas substâncias não possuíam comprovação
de eficácia e traziam mais riscos que benefícios.
A proibição deu início a uma disputa com
entidades médicas e representantes de associações de pacientes, que
recorreram ao Congresso em busca do retorno dos medicamentos.
“Não é só porque é de baixo custo. Era
uma opção terapêutica para os pacientes. Se não fossem eficazes, ninguém
iria tomar”, afirma a endocrinologista Maria Edna de Melo, da Abeso
(Associação Brasileira para Estudo da Obesidade), uma das entidades que
se posicionou de forma favorável à liberação.
Para Melo, a previsão de veto à
importação não se justifica. “Uma importação não deixa de ser atividade
comercial”, afirma ela, que lembra que o texto dá aval à comercialização
dos inibidores.
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