Um manual de calouros causou polêmica e
revolta entre alunos do curso de Engenharia Mecânica da Universidade
Estadual de Campinas (Unicamp), em São Paulo. O Manual de Sobrevivência
do Bixo, com cerca de dez páginas, diz que “os bixos deve ser submisso
ao veterano” e que “são uma raça inferior e por isso não podem exigir
nada”. Há menção ao consumo de bebida alcoólica, mesmo que prejudique os
estudos, e traz ainda frases machistas como “ache a beleza por partes:
um dia você pega uma feia com coxa boa, outro dia uma feia com o peito
bom”.
O manual dos calouros, tradicionalmente
divulgado durante a recepção dos estudantes, traz dicas para se
familiarizar ao ambiente universitário e mostra quais são as festas
organizadas pelos alunos, entre outras informações. Mas o guia da
Engenharia Mecânica foi “além” e traz até um “guia das mulheres”, com
cantadas e frases consideradas machistas.
A estudante do Instituto de Filosofia e
Ciências Humanas (IFCH) e coordenadora do Diretório Central dos
Estudantes Gabriela Bianchini, repudiou o manual. “Mantemos nossa
posição de repúdio ao caso e convidamos os membros da AAAMEC (Associação
Atlética Acadêmica da Engenharia Mecânica) para um real comprometimento
de combate a toda forma de opressão, segregação e violência”. A posição
do DCE é que a repercussão do manual, no entanto, foi positiva, já que
trouxe à tona o debate sobre o feminismo.
Em nota, a AAAMEC retratou-se pelo
“péssimo” manual. “Assumimos nossa culpa e garantimos que novas edições
do manual não voltariam a ser veiculadas. A AAAMEC pede desculpa a todas
as mulheres e membros da comunidade LBGT ofendidos pelo manual”, diz o
texto, divulgado nas redes sociais. “Tornar o ambiente universitário
mais nocivo é justamente o oposto da nossa meta. Mais do que nos
desculparmos, queremos trabalhar para que essa situação seja remediada.”
Segundo a entidade estudantil, um novo
manual começou a ser elaborado “sem apologias a machismo ou quaisquer
formas de preconceito”, além de contar com uma “nota de esclarecimento”
sobre o caso. O jornal O Estado de S. Paulo aguarda posicionamento da
Unicamp.
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