terça-feira, agosto 16, 2016

De garoto abandonado pela mãe a herói nacional: ouro de Thiago Braz será 'a imagem' da Rio 2016?

O segundo ouro do Brasil na Rio 2016 veio de forma dramática, com todos os elementos eletrizantes das datas que ficam marcadas na memória olímpica.

A vitória do brasileiro Thiago Braz da Silva no salto com vara levou os espectadores à loucura no estádio olímpico, emocionou quem estava assistindo pela TV e desencadeou uma cadeia de comentários e menções nas redes sociais.


"Ele conseguiu! Ele conseguiu!", exaltava-se no ar o ex-recordista mundial de lançamento de dardo Steve Backley, comentarista da BBC.

"Nunca na vida se viu um drama como esse. O estádio olímpico vai à loucura. Como diabos ele fez isso? Um novo recorde olímpico - o salto da vida dele."

O ex-corredor de meio fundo Steve Cram concordava. "Vi muitas coisas em todos esses anos competindo e assistindo a provas de atletismo. Esse deve ser um dos melhores momentos: a torcida da casa, o talento da casa, mais alto que nunca, melhor que nunca."
 
Vitória dramática
Momentos antes, Thiago Braz "roubava" a noite, vencendo ouro ao saltar 6,03 metros - um novo recorde olímpico. Aumentava em 11 centímetros sua própria marca pessoal para o salto com varas em prova aberta e se tornava o primeiro atleta brasileiro a levar ouro olímpico desde 2008 (quando Maurren Maggi ganhou no salto em distância) e o primeiro do sexo masculino desde 1984 (com Joaquim Cruz nos 800 m).

O jovem de 22 anos de Marília deixou para trás o favorito, o francês Renaud Lavillenie, que dois anos atrás "voou" a uma altura de 6,16 metros, quebrando o recorde anterior estabelecido em 1993 pelo gigante do salto com vara, o ucraniano Sergey Bubka.

Em uma noite interrompida pela chuva e pelo vento, com o relógio aproximando-se da meia-noite e o sarrafo tendo ultrapassado os 5,93 metros, os dois homens travaram um duelo na última prova ainda sendo disputada no Engenhão.

"(Thiago) Da Silva elevou a aposta contra Lavillenie escolhendo não saltar 5,98 metros e ir direto para os 6,03 metros. Você podia sentir, nesse momento, que os canais de TV estavam sendo sintonizados em todo o país", escreveu o repórter do jornal britânico The Guardian no estádio olímpico, Andy Bull.

"De repente, essa disputa de salto com vara estava sendo transmitida para as casas e os bares em todo o Brasil, e recebia a atenção de todo mundo que tinha um TV ou rádio por perto."

"Por volta de meia-noite, a lotação do estádio olímpico não podia ser sequer um quarto do total. Mas nos próximos anos, à medida que essa história for sendo recontada, descobriremos que a multidão devia ser muito maior do que parecia, pois muitos brasileiros vão dizer que estavam lá."
 
Do abandono à glória
Apesar de pouco conhecido do grande público, Thiago Braz era esperança de medalha para o Brasil no salto com vara na Rio 2016. Em fevereiro deste ano, ele alcançou 5,93 metros no torneio de atletismo indoor ISTAF, em Berlim, deixando em segundo o francês Lavillenie.

Aquela foi a melhor marca da história da América do Sul.
Em 2012, ele havia se sagrado campeão mundial juvenil em Barcelona, Espanha, com a marca de 5,55 metros.

O jovem teve de superar dificuldades para chegar aonde chegou. Abandonado pela mãe e criado pelos avós, a família contou que por dias o menino esperou pela mãe com uma mochila nas costas - até se dar conta de que ela não vinha mais.

Mas no seu caminho, ele teve apoio da família. Foi seu tio, o atleta Fabiano Braz, que o atraiu para a modalidade.

O jovem talento começou a ser polido pelo ténico Élson Miranda de Souza, marido e técnico da recordista do salto com vara, Fabiana Murer.

À medida que suas conquistas iam se acumulando, chamou a atenção do técnico ucraniano Vitaly Petrov, conhecido por orientar ninguém menos que o compatriota Bubka e a russa Yelena Isinbayeva. Há cerca de dois anos, Thiago passou a treinar com Petrov, seu atual técnico, e vive na Itália.

Conta-se que desde pequeno tem o sonho de voar - metáfora perfeita para o esporte que o tornou célebre. Tanto que investiu o primeiro prêmio após se mudar para a Itália na compra de um aeromodelo.Via Bol.

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