quarta-feira, novembro 20, 2019

Pesquisadores da UFRN criam luva que avalia qualidade de frutas.

Antes de chegar às prateleiras dos supermercados, os produtos agrícolas passam por uma série de processos: transporte, seleção e manejo. Tais processos, muitas vezes, são realizados por equipamentos mecânicos que causam danos ao alimento e descarte dos frutos avaliados, uma vez que as medições demandam a realização de perfuração, o que estraga produto. Esses processos aceleram a deterioração das frutas. Ao mesmo tempo, quando colhidos na maturidade ideal, os produtos se tornam mais doces e resistentes a eventuais danos causados durante o transporte. Pensando nisso, foi desenvolvida uma luva com sensores que permitem analisar e medir atributos de frutas com o toque e classificar a qualidade dos frutos durante a colheita, aumentando o aproveitamento e reduzindo a necessidade de diversas classificações e manipulações ao longo da cadeia de suprimento.

A descrição desse equipamento, denominado Luva Vestível para Análise e Classificação de Produtos Agrícolas, remete à concessão da 19º carta-patente da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em cotitularidade com a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). O instrumento foi elaborado pelos professores Rummenigge Rudson Dantas e Rafael Vidal Aroca, além dos estudantes Ciro Martins Pinto e Lucas Cassiano Pereira Silva. “Quando a pessoa pega a fruta com a luva, conseguimos fazer uma leitura, através de sensores de luz e de pressão localizados na ponta dos dedos da luva, se a fruta está verde, madura ou passada e, assim, se está pronta para colheita. Com a leitura do sensor, um programa de computador faz a indicação. A luva é passível de fazer essa identificação para diversas frutas, calibrando os sensores para cada caso”, explicou Rummenigge Rudson Dantas, professor vinculado à Escola de Ciência e Tecnologia.

Para Rafael Vidal Aroca, um dos inventores, o desperdício é um dos itens a ser atacado. “O Brasil é o país do agronegócio, e, neste sentido, existem muitas pesquisas acadêmicas para aumentar a qualidade dos alimentos e reduzir o desperdício. Em especial, espera-se que a tecnologia presente nesta luva permita tornar os processos de seleção e classificação de frutas mais homogêneo, além de aumentar a qualidade e duração das frutas, através da indicação do momento correto da colheita de cada tipo de fruta”. O atual diretor da Agência de Inovação da UFSCar explicou ainda que a equipe paulista já discutia o desenvolvimento desta luva fazia algum tempo e que, na época do pedido em 2014, foram incentivados por Adonai Calbo, pesquisador da Embrapa, a tentar patentear a tecnologia. “Já havíamos desenvolvido um protótipo inicial e testado sua funcionalidade, mas em parceria com o professor Rummenigge Dantas e os estudantes Ciro Pinto e Lucas Cassiano construímos protótipos funcionais, com custo acessível”, pontuou.

Por sua vez, Rummenigge Dantas acrescentou que o projeto da luva pode ser ajustado até mesmo para as pessoas que estão dentro da agricultura familiar. “No nosso raciocínio, a pessoa que está lá no campo realizando a colheita, que é manual, quando pegasse no fruto, a luva indicaria se pode ou não retirar o fruto da planta, substituindo o penetrômetro. A economia, a depender do tamanho da plantação, é muito alta, também pela questão da utilização do tempo”, colocou o docente da UFRN, atualmente vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Tecnologia da Informação e ao bacharelado na Escola de Ciência e Tecnologia (ECT).

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