As mudanças climáticas já prejudicam a saúde das crianças em todo o
mundo, com ameaças de impactos ao longo da vida, de acordo com o
relatório internacional Lancet Countdown 2019 (Contagem
Regressiva da Lancet), lançado hoje (18) no Brasil. Se o mundo continuar
no atual padrão econômico de altas emissões de carbono e mudanças
climáticas, o documento aponta que uma criança nascida hoje enfrentará
um planeta em média 4° C mais quente até os seus 71 anos, o que
ameaçaria sua saúde em todas as fases da vida.
“A mensagem chave desse relatório global é que a gente precisa se
atentar para as mudanças climáticas logo, para que as crianças, no
futuro, não sejam tão afetadas. A criança vai ser afetada, mas para que
ela não seja tão afetada”, disse a médica Mayara Floss, uma das autoras
do relatório no Brasil.
O impacto da poluição do ar deve piorar nos próximos anos, mostra o
relatório. O fornecimento de energia derivada do carvão, por exemplo,
triplicou no Brasil nos últimos 40 anos; ao mesmo tempo que os níveis
perigosos de poluição atmosférica ao ar livre contribuíram para 24 mil
mortes prematuras em 2016. O projeto é uma colaboração de 120
especialistas de 35 instituições, incluindo a Organização Mundial
da Saúde (OMS), o Banco Mundial e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz),
ligada ao Ministério da Saúde brasileiro.
“Longas secas, chuvas excessivas e incêndios não controlados estão
agravando os efeitos sobre a saúde. Impulsionado em parte pelas mudanças
climáticas, o crescimento contínuo da dengue pode tornar-se
incontrolável em breve - a incidência triplicou desde 2014.
Lamentavelmente, o desmatamento de florestas maduras está aumentando
novamente, assim como o uso de carvão. Não podemos desperdiçar o
histórico de sucesso conquistado com tanto esforço”, disse Mayara.
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