O efeito mais nefasto da falta de ética
de nossas escolas é que seus profissionais transferem para os alunos e
suas famílias a razão do insucesso da própria escola. Pesquisa da Unesco
com 17 000 estudantes e 1 300 professores mostra que os “mestres”
culpam o aluno (39%) e seus pais (24%) quando ele repete o ano. Só 1,9%
dos professores culpa a si mesmos (referências completas em
twitter.com/gioschpe). E, o que é pior, os alunos introjetam esse
fracasso.
Em pesquisa com cinco escolas públicas,
90% dos matriculados na 4ª série (gente de 10 anos!) diziam que se algum
dia repetissem o ano a responsabilidade seria sua(!). Eis o cúmulo da
atrocidade: não só nossos profissionais da educação vitimizam seus
alunos, mas ainda conseguem transformar as vítimas em algozes. Nossas
escolas, que deveriam incutir o apreço pela conduta reta, viraram
instâncias preparatórias para o mar de sem-vergonhice que assola nosso
país.
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