José Afonso Braga, 47 anos, foi diagnosticado com esclerose lateral
amiotrófica (ELA) em 2013. A doença ataca o sistema nervoso central e
provoca paralisia motora progressiva e irreversível. Já no primeiro ano
após a confirmação do diagnóstico, Zé, como prefere ser chamado, perdeu
todos os movimentos do corpo e também a voz.
Ele chegou a experimentar aplicativos voltados para pessoas com
distúrbios na fala, mas a maioria das opções no mercado era limitada ao
idioma inglês, possuía dicionários fixos e uma interface confusa. Com
formação em tecnologia da informação, o mineiro, pai de três filhos,
traçou uma espécie de luta contra o tempo para desenvolver uma forma
alternativa de se comunicar. Foi quando surgiu o WeCanSpeak.
O lançamento oficial do WeCanSpeak aconteceu no último dia 3. Em menos de dez dias, foram mais de 300 downloads. A ferramenta pode ser utilizada em computadores e tablets e é disponibilizada de forma gratuita. Uma versão paga é oferecida a “usuários mais exigentes”, como o próprio Zé classifica.
Entre as premissas básicas fixadas para o desenvolvimento do
aplicativo estavam: ser universal; ser configurável (o usuário pode
criar seu próprio dicionário com palavras e frases completas adequadas
ao seu cotidiano); ser simples, prático e intuitivo (o usuário não
precisa passar por vários comandos para falar uma simples frase); e ser
acessível (pessoas com todo tipo de poder aquisitivo podem ter acesso à
ferramenta).
O aplicativo permite até mesmo que ele receba os amigos em casa às
quintas-feiras para uma partida de pôquer. A jogatina, segundo a esposa,
segue madrugada adentro. “A comunicação é a base da socialização e
perder essa capacidade de socializar é, talvez, a maior dor causada pela
doença”, disse.
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