terça-feira, setembro 30, 2014

O jogador que se matou depois de uma vida de ofensas racistas e homofóbicas.

Numa manhã de maio de 1998, Justin Fashanu foi encontrado pendurado no teto de uma garagem em Londres, com o pescoço enrolado em um fio elétrico e um bilhete ao lado. Em suas últimas palavras naquele bilhete de suicídio, ele escrevera que a justiça nem sempre era justa com todos e pedia a Jesus Cristo que o recebesse bem "em casa".

Terminava assim a vida do primeiro jogador de futebol profissional a assumir publicamente ser homossexual. Fashanu também foi o primeiro negro a ser vendido por 1 milhão de libras, na Inglaterra da década de 1980. Centroavante clássico, teve uma passagem meteórica pelo Norwich City e outra frustrante pelo Nottingham Forest.

Seu pioneirismo, tanto por ser abertamente gay quanto por ser um negro de sucesso, trouxe consequências terríveis para sua vida. Durante décadas, ele sofreu vários tipos de abuso em um ambiente preconceituoso como o futebol. E recebeu pouquíssimo apoio em uma época em que homossexualidade no esporte era um tabu ainda maior do que é hoje.

Filho de nigerianos, Justin Fashanu e seu irmão John foram abandonados ainda bebês pelos pais biológicos e viveram em orfanatos até serem adotados por uma família branca. Seus amigos de infância dizem que ele tinha dificuldade de se aceitar negro e desejava desesperadamente ter nascido branco. Aos 14 anos, começou nas categorias de base do Norwich City e rapidamente se destacaria como um talentoso centroavante.

Em seu bilhete de suicídio, Fashanu se dizia inocente da acusação de estupro e afirmava que o adolescente havia consentido a relação sexual e tentara lhe extorquir dinheiro no dia seguinte. O ex-jogador acreditava que a Justiça não o julgaria de maneira justa porque ele já havia sido previamente condenado, e por isso, tirava sua vida. "Para não trazer mais sofrimento para a minha família", dizia o bilhete. Via bol.

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