quarta-feira, março 02, 2016

Jovem de SP denuncia agressão por homofobia cometida pelo pai: ‘Ele ia me matar’.

Ao telefone, uma voz aliviada não parecia transparecer todo o terror sofrido por X., de 17 anos, morador de São Paulo. Na última sexta-feira, o adolescente viu a morte bem de perto. E o pior: pelas mãos do próprio pai, com quem vivia desde os dois anos de idade, quando foi abandonado pela mãe, que fugiu sem nunca mais dar notícias. O motivo? Era espancada diariamente pelo marido.

— Passei 15 anos sem ter notícias dela. Até que pedi a um amigo, que trabalha no Poupa Tempo, para que tentasse achar algumas informações. Em outubro, a encontrei e, desde então, vinha frequentando a casa dela — conta X., que relatou a agressão sofrida em um post no seu perfil no Facebook. Detalhe: o rapaz decidiu não registrar o caso pelo fato de o pai ser arrimo de família, sustentando, além de X., outras três crianças (de 4, 6 e 11 anos).

Na sexta-feira, o adolescente voltava de um terreiro umbandista que frequenta, quando chegou em casa, no bairro do Grajaú, e foi confrontado pela madrasta, que teria insinuado que X. estivesse sob efeito de drogas. Com a chegada do pai, as coisas pioraram. 

— Ela me desafiou e me jogou contra ele. Cheguei a um ponto de pressão que não consegui sustentar. Entrei no quarto dele e contei a ele que era gay — relembra X., logo depois iniciando o relato sobre a sequência de violências sofridas. 

Socos, chutes, tentativa de enforcamento, golpes com uma colher de pau e chibatadas nas costas com uma alça de bolsa em brasa. Mas o mais grave ainda estava por vir. 

— Ele insistiu para que minha madrasta pegasse uma faca. Eu sabia que ele ia me matar. Ela abriu o portão de casa e pediu para que fugisse, pois também sabia que eu iria morrer — conta X., que conseguiu escapar das garras do pai ao pular de uma sacada da casa, com pouco mais de três metros de altura. Na queda, quebrou uma das mãos. 

— Ainda no sábado, criei coragem e voltei para buscar minhas coisas. Meu pai não estava em casa, mas minha madrasta me passou o recado de que ele não queria me ver nunca mais — relata o adolescente, que, no domingo, se mudou definitivamente para a casa da mãe, no Centro de São Paulo 

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