O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, disse hoje (29)
acreditar que existe um complô contra o presidente Michel Temer. Ao
comentar a prisão, na manhã desta quinta-feira, de pessoas próximas ao
presidente, Marun relacionou o fato à possibilidade de Temer tentar a
reeleição. Foram presos temporariamente na Operação Skala, deflagrada
pela Polícia Federal (PF), José Yunes, ex-assessor do presidente, e
Wagner Rossi, ex-ministro da Agricultura, entre outros.
“Entendemos que a decisão do presidente de colocar a possibilidade de
vir a disputar a reeleição faz com que novamente se dirijam contra nós
os canhões da conspiração. […]. Eu, sinceramente, entendo que isso faz
parte de um enredo, de um complô. […]. Eu não acredito em coincidências.
Sempre que o Brasil dá uma reagida, surgem flechas envenenadas
dirigidas ao presidente Temer”, disse o ministro, em entrevista no
Palácio do Planalto.
Marun citou a denúncia de corrupção contra o presidente, em maio do
ano passado, quando o governo articulava na Câmara dos Deputados a
aprovação da reforma da Previdência. A reforma acabou parando enquanto
Temer e a base aliada concentraram esforços na derrubada da denúncia,
que foi rejeitada. O governo perdeu força e a reforma da Previdência não
foi votada.
As prisões de hoje foram feitas no âmbito de investigações sobre um
suposto favorecimento a empresas do setor portuário, em especial a
Rodrimar, na edição do Decreto dos Portos. Perguntado sobre quem
articularia esse “complô”, o ministro evitou dizer nomes, mas falou em
“ódio” que faz com que “operadores do direito e da Justiça se sintam à
vontade para atuar como se neste país Constituição Federal não
existisse”.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), os mandados de prisão
temporária e de busca foram cumpridos pela PF a pedido da
procuradora-geral da República, Raquel Dodge. A Operação Skala foi
autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto
Barroso, relator do chamado Inquérito dos Portos.
Marun disse que, com a medida, Barroso extrapolou seu poder, mas não
fez críticas à procuradora. “Não vejo alguém de dentro do gabinete da
procuradora Raquel recebendo dinheiro para orientar gravações ou
qualquer coisa nesse sentido”. O ministro Marun já havia criticado
Barroso quando este determinou a quebra do sigilo bancário do presidente
Temer, também no Inquérito dos Portos.
O ministro admitiu que as prisões de hoje “constrangem” o governo,
que, no entanto, tem capacidade de superar os problemas. “A capacidade
de um governo não se encontra na inexistência de problemas, e sim na
capacidade de superá-los. Já superamos muito e temos capacidade de
superar mais este.”
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