O candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, disse nesta
quarta-feira, 29, que não quer os votos do candidato do PSL, Jair
Bolsonaro, a quem classificou como “projetinho de Hitler tropical”.
Segundo Ciro, “uma fração dos brasileiros” tem uma pedra no lugar do
coração, são egoístas e não se preocupam com os 13 milhões de
desempregados”. O pedetista afirmou ainda querer “distância dessa
gente”.
“Eu não quero buscar os votos de todo mundo, não”, respondeu quando
questionado sobre como faria para conquistar os votos de Bolsonaro. “Eu
quero buscar os votos dos brasileiros, homens e mulheres, decentes,
equilibrados, serenos, que tem solidariedade com os mais pobres. O
Brasil tem uma fração da população, que respeito porque é o meu povo e
quero ser presidente de todos, mas há uma fração que vive com uma pedra
no coração, são egoístas, pouco estão se lixando para os 13 milhões de
desempregados, pouco estão se lixando para o problema dos 32 milhões que
vivem correndo da repressão nas ruas para vender”, disse. “Bolsonaro
não é ignorante; ele passou na Academia Militar das Agulhas Negras.
Bolsonaro é mistificador, perigoso e fascista. (Ele) é um projetinho de
Hitler tropical e muito mal preparado porque Hitler pelo menos era um
intelectual razoável”, complementou.
Ciro emendou citando como exemplo o polêmico episódio no qual
Bolsonaro se desentendeu com a deputada federal Maria do Rosário
(PT-RS). A discussão rendeu um processo contra Bolsonaro no Supremo
Tribunal Federal (STF). “(Esses brasileiros) estão pouco se lixando se
60 mil mulheres foram estupradas, fazem até piada. Dizem para uma
própria colega, como o Bolsonaro disse, que não a estupra porque ela é
feia”, lembrou. “Quantos desses estupros aconteceram porque o cara está
escorado num candidato popular. Eu não quero agradar essa gente, quero
distância, dela”.
Apesar das críticas, Gomes acusou Bolsonaro de manipular o sentimento
do seu eleitorado, quando foi perguntado sobre o desempenho do
candidato do PSL em entrevista do Jornal Nacional, da TV Globo. Em
seguida, ele pediu “pelo amor de Deus” que os brasileiros “não brinquem
com o futuro”.
“Fui disparado melhor que o Bolsonaro (no JN), o que não é vantagem
pra mim. Pensa num cabra despreparado, é uma coisa chocante. Não sei
como alguém no Brasil, o povo brasileiro do jeito maravilhoso que é,
aceita….”, disse antes de corrigir sua análise. “Até entendo o povo. O
Brasil está zangado com a política, sofrido, humilhado, muito assustado
com a impotência do Estado de resolver os problemas. Ele (Bolsonaro)
interpreta com despudor e desonestidade esses sentimentos instintivos
básicos, primatas, de uma fração dos brasileiros. É preciso respeitar as
pessoas, mas pedir a elas, pelo amor de Deus, em nome do futuro, que
elas não brinquem com o futuro”, argumentou
Ciro ainda comentou um episódio apelidado por Bolsonaro como “kit
gay”, em referência a um material didático preparado pelo Ministério da
Educação durante o governo Dilma Rousseff. O candidato do PDT disse que
não veria problema se seu filho, de dois anos de idade, brincasse com
uma boneca. “Isso é uma grande baboseira, uma imensa baboseira que vai
predispondo o estigma contra pessoas que, só por uma orientação sexual
diferente, amam diferente do tradicional. O que nós temos com isso?”,
questionou “Eu tenho um filho de 2 anos e oito meses e se ele ficar
brincando com a boneca, eu brinco junto. Qual é o problema? Ou alguém
acha que alguém vai afirmar a sua orientação sexual por causa de um
brinquedo? isso é de uma ignorância estapafúrdia”, complementou.
As declarações foram feitas em visita à sede da Associação Nacional
dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior no Brasil,
em Brasília, onde Ciro assinou compromissos na área de educação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário