sábado, maio 03, 2014

Cigarro vendido hoje é mais letal que há 50 anos.

Presidente da organização de controle do tabagismo Campanha para Crianças Livres de Tabaco (CTFK), Matt Myers garante que o cigarro hoje é mais letal do que o vendido há 50 anos. Entre as razões para o aumento do risco, afirma, está a mudança do design do cigarro, que permite maior absorção da fumaça pelo fumante. Myers, que esteve no Brasil semana passada, criticou a liminar concedida pelo Supremo Tribunal Federal suspendendo os efeitos da proibição do uso de aditivos no cigarro no País. Para ele, o Brasil perdeu a liderança no combate ao tabagismo. A seguir, trechos da entrevista concedida ao Estado.

Por que o cigarro hoje é mais perigoso?
Ao ver que o cigarro passou a ser relacionado com câncer de pulmão e doenças cardíacas, a indústria tomou medidas para tentar melhorar a imagem do produto. Mas as mudanças acabaram por aumentar o risco. Recentes estudos feitos nos Estados Unidos mostram que o risco de o fumante morrer de causas relacionadas ao cigarro aumentou em relação ao que era registrado no passado. Artigos mostram, por exemplo, que o risco de desenvolver câncer de pulmão entre homens fumantes dobrou nos últimos 50 anos e, entre as mulheres, é cinco vezes maior.

Como se sabe que o aumento nas taxas de morte é provocado pelo cigarro e não por outros fatores que aumentam o risco de câncer, como a poluição?
Isso foi levado em consideração nas pesquisas. O aumento do risco de câncer em pulmão é provocado principalmente pelas mudanças de design dos produtos derivados do tabaco.

E os aditivos?
Ao constatar o aumento da preocupação da população com a saúde, fabricantes passaram a recorrer aos aditivos para tentar tornar o contato com a fumaça do cigarro na garganta mais agradável. A estratégia foi adotada porque fumantes associam a irritação na garganta ao perigo do produto. O uso de aditivos, ao mesmo tempo que transforma o ato de fumar em algo mais fácil, confere a falsa impressão de que os cigarros atualmente são menos perigosos, porque irritam menos. Além disso, a adição torna o cigarro mais atrativo entre os não fumantes, sobretudo mulheres e crianças. O primeiro cigarro, tendo uma sensação mais suave, incentiva a experimentação. E, o mais cruel, depois do primeiro uso não é preciso muito tempo para que a dependência ao cigarro se desenvolva. Os aditivos permitem à indústria manipular os consumidores.

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