O vírus ebola (Foto: AP Photo/CDC)
Já é a maior epidemia de ebola da
história. Três países da África ocidental enfrentam um surto sem
precedentes de uma das doenças mais fatais do mundo, e a chegada do vírus a um quarto país africano assustou as
autoridades da área da saúde. Mas o que é o ebola, e quais os riscos
que estamos correndo? Confira abaixo as principais dúvidas sobre o vírus
e sobre o surto atual.
O que é esse ebola de que todo mundo está falando?
O ebola é um vírus particularmente fatal
para humanos e outros primatas. Ele foi identificado pela primeira vez
em 1976, em uma vila chamada Ebola, na República Democrática do Congo.
Desde então, já foram 14 surtos da doença na África. Os cientistas
identificaram cinco tipos diferentes do ebola, sendo que três são os
mais perigosos: bundibugyo, sudão e zaire. A epidemia atual é do
ebola-zaire.
Os primeiros sintomas surgem entre dois
dias e até três semanas após a infecção, e no começo se parecem como os
de uma simples gripe, como febre e dores de cabeça. A doença evolui para
hemorragias externas e deficiência de rim e fígado. Nos casos mais
graves, o paciente sofre sangramentos pelo nariz, olhos e boca.
Dependendo do caso e do tipo de vírus, ele mata até 90% das vítimas. Na
epidemia atual, a taxa de mortalidade está acima de 60%.
Esse surto atual é mesmo tão sério?
Sim. Segundo a Organização Mundial da
Saúde (OMS) e a organização Médicos Sem Fronteiras, a epidemia atual já é
a maior da história da doença. Muitos fatores fazem deste surto pior do
que os anteriores: ele não está confinado a regiões isoladas, atingindo
quatro países diferentes (Guiné, Serra Leoa, Libéria e Nigéria); foi a
primeira vez que atingiu o oeste da África, em países que não estavam
acostumados a enfrentar a doença; e a globalização torna muito mais
fácil para um doente viajar de avião antes de detectar a doença, podendo
espalhá-la em outros países. Isso aconteceu na semana passada. Um homem
infectado pelo ebola saiu da Libéria, passou pelo Togo e chegou à
Nigéria. A OMS enviou equipes para os dois países e teve de colocar o
hospital nigeriano em quarentena para evitar problemas. O mapa ao lado
mostra o número de casos e mortes registrados até 28 de julho.
Alguma chance de eu pegar ebola?
Se você está no Brasil, nenhuma. Não há
nenhum caso de pessoas que tenham sido infectadas fora da África. A
única vez que o vírus saiu do continente africano foi em 1994. Um médico
suíço contraiu ebola enquanto fazia autópsias de animais na África, e
os sintomas só apareceram na Europa. Ele ficou em quarentena, se
recuperou e o vírus não se espalhou.
Aliás, como se pega esse vírus?
A forma mais comum é pelo contato com
fluídos corporais de uma pessoa infectada. Saliva, urina, sangue,
lágrimas, por exemplo. Não há casos de trasmissão sem contato físico
direto com a pessoa doente. Parentes de vítimas e médicos que cuidam dos
pacientes acabam sendo as pessoas mais vulneráveis.
Além disso, se você gosta de comidas
exóticas, é bom tomar cuidado com morcegos. Ao que tudo indica, o surto
atual começou porque pessoas comeram morcegos infectados. Os morcegos da
família Pteropodidae, conhecidos como morcegos-de-fruta, são
considerados como hospedeiros naturais do vírus. Não à toa, a primeira
medida dos países que enfrentam a epidemia foi proibir o consumo dos
morcegos.
Onde vive esse morcego? Porque eu pretendo ficar bem longe dele
O mapa abaixo, da Organização Mundial da
Saúde, mostra onde o morcego vive. É a parte pontilhada do mapa. Em
azul, países que receberam, em laboratório, macacos ou porcos infectados
com ebola vindos das Filipinas – importante explicar que esses casos
foram do ebola-reston, que não afeta humanos. Em amarelo, países onde
houve ocorrência de animais com o vírus. Os países que já tiveram casos
do ebola em humanos estão em laranja: os que enfrentaram surtos
(laranja-escuro) e os que receberam pacientes “importados” de outros
países (laranja-claro). O mapa engloba todos os surtos, não apenas o
atual.
Há cura?
Assim como o vírus da gripe, não há
cura, mas é possível tratar os sintomas. Quanto mais cedo começar esse
atendimento, maior a chance de sobrevivência. O tratamento é focado em
repor fluídos e sangue perdido, manter a pressão arterial e tratar
infecções relacionadas. O paciente precisa ficar no mínimo três semanas
em isolamento, para evitar espalhar o vírus. As chances não são
promissoras. No surto atual, mais de 60% dos pacientes morreram. Em
algumas epidemias, o mortalidade chegou a 90% dos casos. E não há uma
vacina. Mas a OMS afirma que o ebola é um vírus raro – basta tomar
cuidado em casos de epidemia, como o atual, evitando contato com
pacientes infectados, mortos ou animais que podem ser hospedeiros, como
morcegos ou macacos. Segundo eles, não há razão para pânico.
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