SÍNDROME DE STEVENS-JOHNSON
É uma forma grave, às vezes fatal, do eritema multiforme ou polimorfo,
que acomete o tegumento e as mucosas oral, genital, anal e ocular. Não
tratado, pode evoluir para a forma ainda mais grave de Necrólise
epidérmica tóxica ou Sindrome de Lyell.
DESCOBERTA
Em 1922, Stevens e Johnson
descreveram dois pacientes com erupções cutâneas generalizadas, febre
contínua, mucosa oral inflamada e conjuntivite purulenta grave, quadro
denominado de eritema multiforme (EM); em 1950, esse quadro foi dividido
em duas categorias: eritema multiforme minor (Von Hebra) e eritema
multiforme major (EMM), também conhecido como síndrome de Stevens
Johnson (SSJ). Desde 1983, o epônimo de Stevens Johnson passou a ser
usado como sinônimo de EMM.
Em 1993, Bastuji e Roujeau
propuseram que EMM e SSJ eram doenças distintas e sugeriram que a
denominação de eritema multiforme deveria ser restrita para pacientes
com lesões em alvo ou pápulas edematosas, com ou sem lesões mucosas; a
denominação de SSJ deveria ser usada como síndrome caracterizada por
erosões mucosas, bolhas pequenas e lesões eritematosas ou purpúricas que
são diferentes dos alvos clássicos.
EPIDEMIOLOGIA
A síndrome de Stevens Johnson e
necrólise epidérmica tóxica ocorrem em aproximadamente duas a três
pessoas por milhão/ano na Europa e EUA. Acometem pacientes de todas as
idades, raças e sexo, e estão relacionadas principalmente ao uso de
fármacos. Nos EUA, os casos tendem a aparecer na primavera e inverno.
Dados brasileiros são escassos
em relação à sua prevalência; a SSJ varia de 1.2 a 6 por milhões/ano e a
NET, a 0.4 a 1.2 por milhões por ano. Esta síndrome é fatal em 5% dos
casos e a NET em 30%. Alguns fatores pode m ser predisponentes como
comorbidades múltiplas e o uso de medicamentos para tratá-las, idade
avançada, susceptibilidade genética e doenças com ativação imune.
Na NET há extensa perda de epiderme, devido a necrose acometendo mais de 30% da superfície corpórea.
TRATAMENTO DE SUPORTE
O reconhecimento precoce de
reação e a retirada do fármaco é a mais importante ação terapêutica,
visto que o atraso pode ser gravemente deletério ao paciente.
Os pacientes com SJS devem ser
admitidos em hospitais capazes de fornecer cuidados intensivos e, se
possível, em unidades de queimados
Os cuidados devem ser efetuados
inicialmente com medidas de suporte e sintomáticos: hidratação e
reposição de eletrólitos, cuidado especial a vias aéreas, controle de
temperatura ambiental, manipulação cuidadosa e asséptica, criação do
campo estéril, manutenção do acesso periférico venoso distante das áreas
afetadas (nenhuma linha central quando possível!), nutrição oral
precoce, anticoagulação, prevenção da úlcera de estresse e administração
da medicação para o controle da dor e da ansiedade.
As sequelas oculares exigem
exames diários por um oftalmologista; a lavagem com solução fisiológica e
colírios devem ser instilados a cada duas horas, quando necessário,
antibióticos tópicos e retirada de sinéquias cirurgicamente podem estar
indicado. Podem ser usadas lentes de contato permeáveis para redução da
fotofobia e desconforto.
As lesões de pele são tratadas
como queimaduras; os anestésicos tópicos são úteis em reduzir a dor das
lesões orais. As áreas de pele desnudas devem ser cobertas com
compressas de solução fisiológica. As doenças subjacentes e as infecções
secundárias devem ser identificadas e tratadas.
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