Dona Hevany não defende o ato violento do marido, Vicente d'Alessio.
“Tenho vergonha da atitude dele de ter matado duas pessoas, sabe, eu
fico muito triste pelo que ele fez. Acho que ninguém no mundo tem o
direito de tirar a vida de ninguém. E nem a própria vida”.
Por que um empresário de 62 anos, que se recuperava de uma doença
grave, que tinha muitos amigos, cometeu um crime brutal? A companheira
de 15 anos, que prefere não mostrar o rosto, tenta explicar.
“Eu acho que foi um surto de loucura assim, por causa da situação, não
era louco, a doença dele não mexeu com a cabeça dele, nada disso, porque
ele fez exames recentemente, passou na consulta segunda-feira, ele tava
ótimo”.
O casal vivia em Santana do Parnaíba, na grande São Paulo.
No andar de cima, moravam Fabio, Mirian e a filha de um ano e meio. Os
vizinhos não eram amigos. Ao contrario, viraram inimigos dentro do
condomínio.
“Parecia que ela tava quebrando tudo no apartamento. Sabe que parece que você está quebrando as coisas, um móvel, uma cadeira, alguma coisa assim. Aí quando foi 11 horas, meia-noite, parou”, conta.
Na noite de quinta-feira, dia da tragédia, a situação se repetiu. E Vicente não aguentou.
“Ele saiu na varanda de tão nervoso e gritou:- ‘Ah, meu, vamos para com
esse barulho, vocês estão me deixando louco aqui embaixo’. Eu falei:
‘Para Vicente, pelo amor de deus, olha a baixaria, eu vou ficar com
vergonha’. Ele falou: ‘Vai pra dentro e não se mete’”.
Mas ninguém apareceu. Vicente foi para o apartamento do vizinho. De
acordo com a investigação, quando viu a arma, Fábio correu em direção
aos dormitórios. Mas foi perseguido e atingido no corredor, com dois
tiros. Miriam, que estava no quarto com a filha, ainda tentou fechar a
porta. Mas não teve tempo. Ela também foi baleada com um tiro e morreu.
“Eu escutei tiro e eu gritava mais ainda. Aí eu corri pra dentro do apartamento porque eu vi que ele tava voltando. Aí quando ele entrou dentro do apartamento eu disse: ‘O que você fez? O que você fez?”, conta.
“Eu escutei tiro e eu gritava mais ainda. Aí eu corri pra dentro do apartamento porque eu vi que ele tava voltando. Aí quando ele entrou dentro do apartamento eu disse: ‘O que você fez? O que você fez?”, conta.
“Ele bateu aqui e disse assim: ‘Amor, acabou. Você ta entendendo? Acabou! Agora a sua vida é por você. Tenha juízo, se cuida’. E aí ele subiu no elevador e foi embora. Quando o elevador desceu uns dois andares, aí, eu escutei o tiro”.
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