terça-feira, agosto 24, 2010

Garota aceita convite para festa e tem virgindade oferecida como rifa

Uma adolescente de 14 anos, moradora de Ceilândia, enfrentou momentos de terror por confiar em uma colega de escola. Após aceitar o convite para uma festa, ela foi levada a uma casa na QR 603 do Recanto das Emas, de onde só saiu quatro dias depois. Durante esse período, ela garante que foi constantemente drogada e recorda-se de ter sido estuprada, pelo menos, uma vez. Pior: a menina, até então virgem, teria sido o “brinde” de uma rifa. Quem vencesse o sorteio, cuja inscrição teria custado R$ 50, poderia manter relações sexuais com ela. Cinco pessoas, entre elas uma garota de 16 anos, foram presas pelo crime desvendado na sexta-feira última.

O sofrimento da garota começou no último dia 12. Depois do horário de aulas, enquanto seguia para casa, por volta das 19h, ela foi convidada pela colega — a adolescente de 16 anos — para ir a uma comemoração no Recanto das Emas. A menina chegou a ponderar que teria problemas com a mãe, mas foi convencida pela colega, que já está internada no Centro de Atendimento Juvenil Especializado (Caje).

Segundo o chefe da 24ª Delegacia de Polícia (Setor O de Ceilândia), Fernando Fernandes, responsável pelas investigações, a adolescente atraiu a vítima para a festa em troca de dinheiro. Aparentando ser mais velha, a acusada já foi expulsa de várias escolas e tem passagens por uso de drogas, roubo, lesão corporal, furto e tráfico. Logo após ser detida, na última sexta-feira, confessou ter recebido R$ 200 para levar a menina virgem até a festa. Durante o depoimento, não confirmou a informação.

Após chegar ao lugar em que seria mantida em cativeiro, a vítima conta, em seu depoimento, que teria encontrado dois homens mais velhos na casa. Um deles teria sido o vencedor do sorteio. Quando o homem veio em sua direção, ela disse que tinha apenas 14 anos e era virgem. Ao ouvir a idade da garota, ele teria comentado que a menina poderia ser sua filha e desistido de consumar o ato.

Na primeira noite em que esteve na casa, ela não foi drogada ou violentada. Depois que a colega que a aliciou foi embora, ficou sob os cuidados da dona do imóvel, identificada como Gleiciane Pires de Souza, 22 anos. A mulher, que está presa, teria insistido para que a garota ficasse com o “vencedor” do sorteio, já que ele poderia dar dinheiro pra ela. Desesperada, a garota pedia para ir embora.

Mais tarde, depois que os homens mais velhos deixaram o local, outros três chegaram à casa. Mas a violência só teria começado no dia seguinte, quando a vítima conta ter sido forçada a ingerir álcool com aditivos químicos (método conhecido como Boa Noite, Cinderela), além de maconha e cocaína. Depois de ficar desacordada por alguns momentos, voltou à consciência e viu um homem deitado sobre ela. Exames preliminares confirmam que houve abuso sexual. O laudo indica que a garota teve o hímen rompido recentemente e há sinais de fissuras anais.

Confissão
O autor confesso do estupro é Jeferson Silva Assunção, 21 anos. Ele está preso. Ainda não há provas de que os outros dois rapazes — Evilásio Pires de Souza e Maicon Douglas da Silva, ambos de 18 anos, que também estão na cadeia — teriam violentado a menina, mas em um dos momentos em que esteve consciente, ela acordou seminua ao lado de todos eles, também trajando poucas roupas. Enquanto esteve na casa, ela recorda-se apenas que todos passavam os dias em colchonetes jogados no chão e faziam ameaças para que ela não deixasse a residência.

As torturas e o cativeiro duraram até o último dia 16. Naquela data, ao acordar com manchas roxas e dores por todo o corpo, a menina foi obrigada por Gleiciane, segundo a vítima conta em depoimento, a ingerir a pílula do dia seguinte, para evitar uma possível gravidez. No fim da manhã, a colega que a atraiu para a armadilha foi buscá-la e deixou a menina perto de casa. Antes de se separarem, ela teria ouvido a seguinte ameaça: se contasse para alguém o que tinha acontecido, toda a família dela seria assassinada.

Com medo, a vítima guardou segredo por quatro dias, mas, diante do comportamento alterado da filha, a mãe, uma cozinheira de 35 anos, levou a menina à delegacia. Enquanto conversava com agentes treinados para lidar com a violência contra a mulher, a adolescente admitiu o drama que sofreu. Na mesma noite, indicou para a polícia o local em que foi mantida e cinco(1) acusados foram presos.

Os detalhes do crime só foram conhecidos na última sexta-feira. A mãe da garota, que chegou a registrar queixa de desaparecimento da filha, relata que recebe ameaças por telefone e só pensa em se mudar para um lugar bem distante.

Fonte: Correio Braziliense.

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