Apesar de ser um direito das mulheres
conquistado após anos de luta, e fortemente recomendado por diversas
sociedades médicas ao redor do mundo, o planejamento familiar e o
conhecimento sobre métodos contraceptivos parecem não atingir os 68% dos
brasileiros que constituem as classes C, D e E, de acordo com estudo
Critério Brasil, realizado pela Associação Brasileira de Empresas e
Pesquisas. Isso é o que indicam também dados encontrados no estudo
Nascer no Brasil (Fiocruz) e na Pesquisa Nacional de Saúde (PNS-IBGE).
A PNS afirma ainda que 87% de mulheres sem instrução ou com ensino
fundamental incompleto já tiveram uma gravidez. Essa porcentagem, quando
comparada aos 56,4% de mulheres com ensino superior completo que ainda
não engravidaram, evidencia a influência do nível de escolaridade na
taxa de fecundidade, além da importância da educação sexual no ambiente
escolar.
“Diferentemente do que se pensava há alguns anos, a presença da
educação sexual no ambiente escolar não incentiva a prática de relações
precocemente, muito pelo contrário. Ao discutir o assunto em sala de
aula, os alunos muitas vezes esclarecem pontos que não se sentem à
vontade para abordar com a família e passam a compreender melhor seus
corpos, a fase em que se encontram e suas vontades individuais, evitando
sucumbir às pressões impostas pelos colegas e cometer erros como se
esquecer da camisinha, por exemplo”, destaca Dr. Afonso Nazário,
ginecologista e Professor Livre-Docente do Departamento de Ginecologia
da UNIFESP.
Evidenciando a relevância do conhecimento na promoção de escolhas
conscientes relacionadas ao planejamento familiar, o estudo apontou
ainda que apenas 46,4% de mulheres sem instrução ou com ensino
fundamental incompleto utilizam algum método contraceptivo, enquanto que
a porcentagem de mulheres com ensino superior completo que utilizam
algum método chega a 69,7%.
“Mesmo na idade adulta as mulheres precisam receber informações e
conhecimento sobre os métodos disponíveis e qual a melhor escolha para
cada uma. Com os adolescentes a educação previne uma gravidez precoce e
abandono da escola, enquanto que para as mulheres adultas, após os 20
anos, esse conhecimento possibilita o planejamento tanto familiar quanto
econômico”, ressalta Nazário. Via PnoAR.
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