Pela primeira vez no Brasil, uma paciente recebeu um rim incompatível
em uma cirurgia inédita, em São Paulo. A jovem, de 28 anos, que esperava
pelo órgão desde 2008, foi submetida ao procedimento chamado de ABO
incompatível, em que o doador e o receptor não possuem o mesmo tipo
sanguíneo. Nesse caso, a paciente, cujo tipo sanguíneo é O, recebeu o
rim de sua mãe, de 63 anos, que possui o tipo A.
De acordo com a nefrologista Maria Cristina Ribeiro de Castro, do
Centro de Transplante Renal do Hospital Samaritano, responsável pela
operação, o tipo sanguíneo O pode doar para qualquer pessoa, mas só
recebe do tipo O. Já o tipo AB recebe de qualquer pessoa; o tipo A só
recebe A ou O; e o tipo B só recebe B ou O. Estatísticas apontam que de
30% a 40% dos doadores são recusados nesse primeiro teste devido a sua
incompatibilidade.
Segundo a médica, a cirurgia tornou-se possível já que foi filtrado o
plasma para se retirar os anticorpos que impediam a compatibilidade com o
órgão. Além disso, o uso de medicamentos também contribuiu para impedir
a produção dos mesmos.
— É uma medida para deixar um nível seguro de anticorpos até que os imunossupressores possam agir e que ocorra a natural acomodação aos antígenos do doador.
Após 20 dias, a transplantada recebeu alta sem complicações e com o rim em excelente funcionamento.
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