O procurador-geral da República, Rodrigo
Janot, deu um recado claro e contundente ontem segunda-feira, 27,
contra acordões e manobras políticas que, supostamente, tentam impedir o
avanço da Lava Jato. Na abertura de um seminário em Brasília sobre a
Operação Mãos Limpas, versão italiana das investigações sobre corrupção
na Petrobras, Janot afirmou que “não há força humana, de pessoas ou de
grupos, que possa se interpor entre o caminhar coletivo e o futuro”
contra a corrupção no Brasil.
“Hoje, algumas vozes reverberam o
passado e ensaiam a troca do combate à corrupção por uma pseudo
estabilidade, a exclusiva estabilidade destinada a poucos. Não nos
sujeitaremos à condescendência criminosa: não é isso que o Brasil quer,
não é disso que o País precisa”, afirmou o procurador-geral da
República. Ele não citou nomes, mas a referência a descobertas recentes
de manobras contra a Lava Jato ficou clara.
Em escutas obtidas pelo Ministério
Público, caciques do PMDB aparecem em conversas que, para Janot,
demonstram uma tentativa política de inviabilizar as investigações sob o
argumento de manter a estabilidade institucional do Brasil. A revelação
ensejou pedidos de prisão contra o presidente do Senado, Renan
Calheiros (PMDB-AL), o senador Romero Jucá (PMDB-RR) e o ex-presidente
da República, José Sarney (PMDB-MA). Os pedidos, no entanto, acabaram
vazando e foram negados pelo relator da Lava Jato no Supremo Tribunal
Federal (STF), ministro Teori Zavascki.
“Se os nossos timoneiros não perceberem
rapidamente a direção dos novos ventos, certamente estarão fadados à
obsolescência democrática. Ficarão, com os seus valores ultrapassados,
presos irremediavelmente no tempo do esquecimento e condenados pelo
juízo implacável da história”, advertiu Janot.
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