A revista Time destacou a volta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) ao cenário político brasileiro na reportagem de capa da
edição desta semana. Em entrevista ao periódico americano no final de
março, o petista disse que “nunca desistiu da política”. Na versão em
inglês, o título atribuiu a corrida presidencial deste ano como “o
segundo ato de Lula”, chamado de “presidente mais popular do Brasil”. O
texto, assinado pela jornalista Cyara Nugent, traça um perfil do retorno
do petista à disputa eleitoral após passar 580 dias preso no âmbito da
operação Lava Jato.
Em entrevista ao periódico americano, concedida no final de março, o
petista responsabilizou o presidente da Rússia, Vladimir Putin, o
presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, a União Europeia e os Estados
Unidos pela guerra em curso na Ucrânia.
Lula, porém, ressaltou o papel de Zelenski no conflito. “Esse cara
(Zelenski) é tão responsável quanto o Putin. Porque numa guerra não tem
apenas um culpado”, disse o ex-presidente. “(…) o comportamento dele é
um comportamento um pouco esquisito, porque parece que ele faz parte de
um espetáculo.”
O petista afirmou ainda que, se fosse o chefe do Executivo
brasileiro, teria ligado para o presidente americano Joe Biden, para
Putin, “para a Alemanha” e para o presidente da França, Emmanuel Macron,
no esforço de tentar resolver o conflito de forma diplomática.
“Putin não deveria ter invadido a Ucrânia. Mas não é só o Putin que é
culpado, são culpados os Estados Unidos e é culpada a União Europeia.
Qual é a razão da invasão da Ucrânia? É a OTAN? Os Estados Unidos e a
Europa poderiam ter dito: ‘A Ucrânia não vai entrar na OTAN’. Estaria
resolvido o problema”, afirmou o petista. Lula defendeu também que o
conflito deveria ter sido resolvido como a crise dos mísseis em Cuba, em
1961, diplomaticamente: “Não é concessão. Deixa eu lhe contar uma
coisa: se eu fosse presidente da República e me oferecessem ‘o Brasil
pode entrar na OTAN’, eu não ia querer”.
Os confrontos entre Bolsonaro e o STF também foram citados pela
revista, que fez um paralelo entre ele e o ex-presidente dos Estados
Unidos Donald Trump.
“Em abril, ele (Bolsonaro) sugeriu que as eleições poderiam ser
‘suspensas’ se ‘algo anormal acontecer’. Se ele perder, alertam os
analistas, é provável que haja uma versão brasileira do motim de 6 de
janeiro. Se ele vencer, as instituições brasileiras podem não aguentar
mais quatro anos de seu governo”, afirma a reportagem, cujo título
original é: “Brazil’s Most Popular President Returns From Political
Exile With a Promise to Save the Nation” (o presidente mais popular do
Brasil retorna do exílio político com a promessa de salvar a nação, em
tradução livre).